No
estudo anterior, vimos:
ü
Que Êxodo é um livro de
libertação e estabelecimento e nele a aliança estabelecida em Gênesis entre
Deus e os patriarcas transforma-se na história de Israel, à medida que Deus
irrompe no tempo e no espaço para libertar Israel da escravidão e estabelecê-lo
como nação com a posse permanente de Canaã e a presença dele no seu meio.
Assim, concluímos que, o tema do livro “é a
libertação de Israel do Egito em cumprimento à promessa de Gênesis 15.13,
14”.
ü
A primeira parte do livro com o seguinte tema: A ação de
Deus no livramento de Israel do cativeiro – Êx 1-18.
Hoje,
vamos estudar, panoramicamente, a
segunda parte do livro com o tema: A ação de Deus oferecendo a Israel uma regra
para a vida sob a promessa – Êx 19-31.
Um relacionamento saudável entre Deus e Israel, a partir de agora,
exige “obediência corporativa da nação a Deus por meio da Aliança do Sinai”.[1]
I. Apresentação
e a aceitação da Aliança no Sinai – 19.1-25
Deus apresentou a sua aliança e a sua Lei a Moisés, que as apresentou
ao povo em forma abreviada, de um tratado de suserania. Esse tipo de tratado
era normalmente firmado entre um rei poderoso e seus súditos.
1. 19.1, 2 – temos estabelecidos os
detalhes cronológicos e geográficos da revelação sinaítica. Onde aconteceu!
2. 19.1-8 – Um preâmbulo – v.3; um prólogo histórico com ênfase na benevolência do rei – v.4; exigências ou obrigações a serem satisfeitas – v.5a; as bênçãos – v.5b-6; e a aceitação do tratado (aliança bilateral e condicional de Deus) –
vv.7, 8.
a.
De acordo com a Aliança aqui firmada, Israel seria a propriedade
peculiar, o reino sacerdotal e o povo santo de Deus, dependendo de ser um povo
obediente e cumpridor da aliança. Assim Israel experimentaria as bênçãos de
pertencer especialmente ao Senhor, representá-lo na terra e ser posto à parte
para servir os propósitos Dele.[2]
(1Pe 2.9 – obs.: como Pedro usa esse
texto).
3. A santificação
necessária e a apresentação visual do Deus da Aliança – 19.9-25.
a.
vv.9-15 – A santificação
exterior exigida por Deus era símbolo da santificação interior que só ele pode
conceder. Essa santificação levou dois dias e abrangeu o seguinte: 1º) Lavar
o corpo e as roupas – v.9-11; 2º) o
estabelecimento de limites entre o acampamento e o monte – vv.12-14; e 3º) abster-se de relações
sexuais – v.15. Todo esse
cerimonial tinha “a função de ensinar ao povo a necessidade de
santidade, a qualidade impressionante de Deus e a exigência de absoluta
obediência a Ele”[3].
b.
vv.16-25 – Diante da poderosa
apresentação visual da presença de Deus no monte, todo o povo estremeceu no
arraial. Essa “experiência tinha o propósito de criar um verdadeiro temor de Deus nas
pessoas e prepará-las para respeitar a sua Lei”[4].
II. Apresentação
da vontade moral de Deus para Israel – Êx 20.1-26
Após um longo período vivendo como escravos no Egito, Israel
foi libertado por Deus através de uma série de intervenções sobrenaturais. Este
fato é tão importante que Deus fez questão de enfatizar, antes de apresentar os
dez mandamentos, a fim de ressaltar a autoridade de quem dava as leis – vv.1, 2.
1. Como Deus que é pessoal e libertador – v.2 – A
passagem apresenta um Deus pessoal e libertador. O Deus que liberta deseja
interagir de tal modo que o povo o considere como o seu Deus. Os Mandamentos
têm a ver com liberdade, felicidade e amor. A motivação divina por detrás de
cada mandamento é o amor.[5]
2. Sobre amor, dever, liberdade e
proibições – Nos Dez Mandamentos há
deveres para com Deus (vv.3-11) e para com os homens (vv.12-17).
Isso nos ensina que não podemos ser livres sem assumir responsabilidades e que
não há contradição entre amor e dever, pelo contrario, deveres são assumidos
por quem ama. Liberdade é a capacidade de dizer não ao mal e de obedecer de
coração ao Deus que nos ama. Sendo assim, não nos envergonhamos de falar que
não fazemos certas coisas porque o Senhor não permite. Ao dizermos não àquilo
que é errado, dizemos sim a Deus.[6] (Jo
8.34; Sl 1.1)
3. Sobre verdade absoluta e vida
organizada – Os Mandamentos
demonstram que há coisas que agradam a Deus e nos fazem livres e outras que o
desagradam e nos tornam cada vez mais escravizados. Isso indica que existe o
certo e o errado, o verdadeiro e o falso. E, o modo com o os Dez Mandamentos
são estruturados nos ajudam a organizar nossa vida em torno daquilo que é
verdadeiramente importante: Deus e o próximo. A felicidade consiste em
alinhar-se à verdade tal qual é descrita por Deus.[7] (Sl
19.9; Mt 22.34-40; Mc 12.28-31)
4. Sobre pilares permanentes – Por expressarem a moralidade de Deus, os
Mandamentos têm valor permanente. Eles são pilares existenciais válidos para todos
os tempos.[8] (Mt
5.18)
5. Israel reage em temor e admiração à manifestação direta de Deus no
Sinai – vv.18-21.[9] E, Deus
os adverte sobre a adoração: ela deve refletir a sua glória e a sua santidade,
em vez de exaltar o homem e outros deuses – vv.22-26.
III. Apresentação de leis civis e
religiosas para Israel – Êx 21.1-31.18
a.
Sobre
relacionamentos entre senhores e servos – 21.1-11
– demonstram a importância do amor e do
respeito.
b.
Sobre
homicídio e ameaça a vida – 21.12-17
– enfatizam o alto valor que a vida
humana deveria ter em Israel.
c.
Sobre
ferimentos físicos – 21.18-32 – enfatizam o alto valor dado ao bem estar
físico do povo.
d.
Sobre
propriedade e danos e ela causados – 22.1-15
– enfatizam a necessidade de cuidado
mutuo e importância da restituição.
e.
De direitos
humanos – 22.16-31 – revelam o proposito de Deus de que toda a
vida de Israel refletisse Sua santidade.
f.
Relativas à
administração da justiça – 23.1-9 – revelam o cuidado de Deus para que a verdade
e a justiça fossem dispensadas igualmente a todos.
g.
Sobre o
descanso e as festas religiosas no calendário anual da nação – 23.10-19 – destacam o desejo de Deus em ter prioridade na vida do seu povo.
A observância
zelosa da lei confirmaria a conquista da terra da promessa e a bênção de Deus com
prosperidade e fertilidade – 23.20-33. E a ratificação da aliança traz Israel a um relacionamento nacional de
obediência a Deus – 24.1-11.
2. Leis cerimoniais para Israel – 24.12-31.18
Deus dá mais instruções sobre a vida de Israel na
Aliança – 24.12-18. E exige a
dedicação dos bens de Israel para a construção do tabernáculo, por onde
manifestaria sua presença no meio do povo – 25.1-9.
a.
Instruções
para a construção do tabernáculo – 25.10-27.21
– revelam a glória e a santidade de Deus
em seu governo teocrático sobre Israel.
b.
Instruções
sobre os ministros e seus serviços – 28.1-29.46
– evidenciam a santidade que Deus exige
de seu povo.
c.
Instruções
sobre os objetos e materiais usados para o culto – 30.1-38 – são descritos
quanto a sua forma e função.
d.
Instruções
sobre a capacitação divina a um grupo de artesãos para a realização do trabalho
necessário na construção do tabernáculo – 31.1-11.
e.
Instruções
sobre o sábado – 31.12-17 – O sábado
é apresentado aqui como sinal da relação do povo com o Deus que santifica (v.13) em uma grande solenidade. É para
ser guardado como aliança perpetua em cada geração do povo de Israel – v.16.
ð
Antes, em Êxodo 23.12, temos uma nota importante
para a guarda do sábado, tanto pessoas como animais precisam de um dia para
tomar alento, ou seja, revigorar-se para uma nova semana de trabalho.
f.
A segunda
parte, termina com Deus dando a Moisés a forma visível da aliança, as duas
tábuas de pedra – v.18.
Concluindo – Lições da Segunda parte do livro de Êxodo:
1)
Assim como Deus apresentou a aliança no Sinai para
Israel, ele nos apresenta, hoje, a nova aliança no sangue de Jesus;
2)
Assim como a Lei deveria ser a regra de fé e prática
de Israel, a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática para vivermos na nova
aliança;
3)
Assim como Deus deu instruções sobre a adoração para
Israel e também tem instruções no NT sobre a adoração cristã.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 29/08/2014
[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento
no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 79.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 117.
[3] Cox, Leo G. Comentário Bíblico Beacon 1 – Gênesis a
Deuteronômio, CPAD, 1ª Edição, 2005, p. 186.
[4] Ibid., p. 187.
[5] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do
discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 10.
[6] Ibid., p. 10.
[7] Ibid., p. 10.
[8] Ibid., p. 11.
[9] Pinto, p. 80.
[10] Pinto, p. 80-82 (Esse ponto segue o esboço das
páginas citadas com adaptações minhas ao contexto da igreja local)
Nenhum comentário:
Postar um comentário