quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Panorama do AT – Êxodo (2) A ação de Deus oferecendo a Israel uma regra para a vida sob a promessa.

Êxodo 19-31

No estudo anterior, vimos:

ü  Que Êxodo é um livro de libertação e estabelecimento e nele a aliança estabelecida em Gênesis entre Deus e os patriarcas transforma-se na história de Israel, à medida que Deus irrompe no tempo e no espaço para libertar Israel da escravidão e estabelecê-lo como nação com a posse permanente de Canaã e a presença dele no seu meio. Assim, concluímos que, o tema do livro “é a libertação de Israel do Egito em cumprimento à promessa de Gênesis 15.13, 14”.

ü  A primeira parte do livro com o seguinte tema: A ação de Deus no livramento de Israel do cativeiroÊx 1-18.

Hoje, vamos estudar, panoramicamente, a segunda parte do livro com o tema: A ação de Deus oferecendo a Israel uma regra para a vida sob a promessa – Êx 19-31.

Um relacionamento saudável entre Deus e Israel, a partir de agora, exige “obediência corporativa da nação a Deus por meio da Aliança do Sinai”.[1]

I. Apresentação e a aceitação da Aliança no Sinai – 19.1-25

Deus apresentou a sua aliança e a sua Lei a Moisés, que as apresentou ao povo em forma abreviada, de um tratado de suserania. Esse tipo de tratado era normalmente firmado entre um rei poderoso e seus súditos.

1. 19.1, 2 – temos estabelecidos os detalhes cronológicos e geográficos da revelação sinaítica. Onde aconteceu!

2. 19.1-8Um preâmbulov.3; um prólogo histórico com ênfase na benevolência do reiv.4; exigências ou obrigações a serem satisfeitasv.5a; as bênçãosv.5b-6; e a aceitação do tratado (aliança bilateral e condicional de Deus)vv.7, 8.

a.    De acordo com a Aliança aqui firmada, Israel seria a propriedade peculiar, o reino sacerdotal e o povo santo de Deus, dependendo de ser um povo obediente e cumpridor da aliança. Assim Israel experimentaria as bênçãos de pertencer especialmente ao Senhor, representá-lo na terra e ser posto à parte para servir os propósitos Dele.[2] (1Pe 2.9 – obs.: como Pedro usa esse texto).

3. A santificação necessária e a apresentação visual do Deus da Aliança – 19.9-25.

a.    vv.9-15 – A santificação exterior exigida por Deus era símbolo da santificação interior que só ele pode conceder. Essa santificação levou dois dias e abrangeu o seguinte: 1º) Lavar o corpo e as roupasv.9-11; 2º) o estabelecimento de limites entre o acampamento e o montevv.12-14; e 3º) abster-se de relações sexuaisv.15. Todo esse cerimonial tinha a função de ensinar ao povo a necessidade de santidade, a qualidade impressionante de Deus e a exigência de absoluta obediência a Ele[3].

b.   vv.16-25 – Diante da poderosa apresentação visual da presença de Deus no monte, todo o povo estremeceu no arraial.  Essa “experiência tinha o propósito de criar um verdadeiro temor de Deus nas pessoas e prepará-las para respeitar a sua Lei[4].

II. Apresentação da vontade moral de Deus para Israel – Êx 20.1-26

Após um longo período vivendo como escravos no Egito, Israel foi libertado por Deus através de uma série de intervenções sobrenaturais. Este fato é tão importante que Deus fez questão de enfatizar, antes de apresentar os dez mandamentos, a fim de ressaltar a autoridade de quem dava as leis – vv.1, 2.

1. Como Deus que é pessoal e libertadorv.2 – A passagem apresenta um Deus pessoal e libertador. O Deus que liberta deseja interagir de tal modo que o povo o considere como o seu Deus. Os Mandamentos têm a ver com liberdade, felicidade e amor. A motivação divina por detrás de cada mandamento é o amor.[5]

2. Sobre amor, dever, liberdade e proibições – Nos Dez Mandamentos há deveres para com Deus (vv.3-11) e para com os homens (vv.12-17). Isso nos ensina que não podemos ser livres sem assumir responsabilidades e que não há contradição entre amor e dever, pelo contrario, deveres são assumidos por quem ama. Liberdade é a capacidade de dizer não ao mal e de obedecer de coração ao Deus que nos ama. Sendo assim, não nos envergonhamos de falar que não fazemos certas coisas porque o Senhor não permite. Ao dizermos não àquilo que é errado, dizemos sim a Deus.[6] (Jo 8.34; Sl 1.1)

3. Sobre verdade absoluta e vida organizada – Os Mandamentos demonstram que há coisas que agradam a Deus e nos fazem livres e outras que o desagradam e nos tornam cada vez mais escravizados. Isso indica que existe o certo e o errado, o verdadeiro e o falso. E, o modo com o os Dez Mandamentos são estruturados nos ajudam a organizar nossa vida em torno daquilo que é verdadeiramente importante: Deus e o próximo. A felicidade consiste em alinhar-se à verdade tal qual é descrita por Deus.[7] (Sl 19.9; Mt 22.34-40; Mc 12.28-31)

4. Sobre pilares permanentes – Por expressarem a moralidade de Deus, os Mandamentos têm valor permanente. Eles são pilares existenciais válidos para todos os tempos.[8] (Mt 5.18)

5. Israel reage em temor e admiração à manifestação direta de Deus no Sinai – vv.18-21.[9] E, Deus os adverte sobre a adoração: ela deve refletir a sua glória e a sua santidade, em vez de exaltar o homem e outros deuses – vv.22-26.

III. Apresentação de leis civis e religiosas para Israel – Êx 21.1-31.18

1. Leis civis para Israel – 21.1-23.33[10]

a.    Sobre relacionamentos entre senhores e servos – 21.1-11demonstram a importância do amor e do respeito.

b.   Sobre homicídio e ameaça a vida – 21.12-17enfatizam o alto valor que a vida humana deveria ter em Israel.

c.    Sobre ferimentos físicos – 21.18-32enfatizam o alto valor dado ao bem estar físico do povo.

d.   Sobre propriedade e danos e ela causados – 22.1-15enfatizam a necessidade de cuidado mutuo e importância da restituição.

e.    De direitos humanos – 22.16-31revelam o proposito de Deus de que toda a vida de Israel refletisse Sua santidade.

f.     Relativas à administração da justiça – 23.1-9revelam o cuidado de Deus para que a verdade e a justiça fossem dispensadas igualmente a todos.

g.    Sobre o descanso e as festas religiosas no calendário anual da nação – 23.10-19destacam o desejo de Deus em ter prioridade na vida do seu povo.

A observância zelosa da lei confirmaria a conquista da terra da promessa e a bênção de Deus com prosperidade e fertilidade23.20-33. E a ratificação da aliança traz Israel a um relacionamento nacional de obediência a Deus24.1-11.

2. Leis cerimoniais para Israel – 24.12-31.18

Deus dá mais instruções sobre a vida de Israel na Aliança – 24.12-18. E exige a dedicação dos bens de Israel para a construção do tabernáculo, por onde manifestaria sua presença no meio do povo – 25.1-9.

a.    Instruções para a construção do tabernáculo – 25.10-27.21revelam a glória e a santidade de Deus em seu governo teocrático sobre Israel.

b.   Instruções sobre os ministros e seus serviços – 28.1-29.46evidenciam a santidade que Deus exige de seu povo.

c.    Instruções sobre os objetos e materiais usados para o culto – 30.1-38são descritos quanto a sua forma e função.

d.   Instruções sobre a capacitação divina a um grupo de artesãos para a realização do trabalho necessário na construção do tabernáculo – 31.1-11.

e.    Instruções sobre o sábado – 31.12-17 – O sábado é apresentado aqui como sinal da relação do povo com o Deus que santifica (v.13) em uma grande solenidade. É para ser guardado como aliança perpetua em cada geração do povo de Israel – v.16.

ð Antes, em Êxodo 23.12, temos uma nota importante para a guarda do sábado, tanto pessoas como animais precisam de um dia para tomar alento, ou seja, revigorar-se para uma nova semana de trabalho.

f.     A segunda parte, termina com Deus dando a Moisés a forma visível da aliança, as duas tábuas de pedra – v.18.

Concluindo – Lições da Segunda parte do livro de Êxodo:

1)   Assim como Deus apresentou a aliança no Sinai para Israel, ele nos apresenta, hoje, a nova aliança no sangue de Jesus;

2)   Assim como a Lei deveria ser a regra de fé e prática de Israel, a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática para vivermos na nova aliança;

3)   Assim como Deus deu instruções sobre a adoração para Israel e também tem instruções no NT sobre a adoração cristã.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 29/08/2014




[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 79.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 117.
[3] Cox, Leo G. Comentário Bíblico Beacon 1 – Gênesis a Deuteronômio, CPAD, 1ª Edição, 2005, p. 186.
[4] Ibid., p. 187.
[5] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 10.
[6] Ibid., p. 10.
[7] Ibid., p. 10.
[8] Ibid., p. 11.
[9] Pinto, p. 80.
[10] Pinto, p. 80-82 (Esse ponto segue o esboço das páginas citadas com adaptações minhas ao contexto da igreja local)

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