Nos
estudos anteriores no livro de Êxodo, vimos:
ü
1º) A ação de Deus no livramento de Israel do
cativeiro – Êx 1-18; 2º) A
ação de Deus oferecendo a Israel uma regra para a vida sob a promessa – Êx 19-31; 3º) A ação de Deus fazendo-se
presente no meio do Seu povo – Êx
32-40.
Hoje,
vamos começar o estudo panorâmico do livro de Levítico, fazendo uma breve introdução ao livro e vendo a sua
primeira parte.
I. Introdução ao Livro de Levítico
Como
todos os livros do Antigo Testamento, Levítico, tem um título hebraico que vem
da primeira palavra do livro “E chamou...”
(Lv 1.1a), e um que provem da versão
grega do AT, a Septuaginta, que passou para a versão latina, a Vulgata, que é o
nome Levítico e significa: “assuntos dos levitas ou o que é relativo aos
levitas”.
“As
questões relativas à autoria e à data são resolvidas pelo versículo final do
livro – Estes são os mandamentos que o
SENHOR ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.”[1] (Lv
27.24; cf.: 7.38; 25.31; 26.46) Portanto, o autor é Moisés e “a data do livro é
praticamente a mesma de Êxodo, uma vez que um intervalo de um mês e meio pode
ser postulado entre a consagração do Tabernáculo em Êxodo 40.17 (1º de Nisã,
1445 a.C.) e a partida de Israel do Monte Sinai.”[2] (Nm
10.11) A comunicação das leis e normas a Moisés ocorreu durante o ano que o
povo passou acampado ao pé do monte Sinai. Esdras afirmou a autoria de Moisés
(Ed 6.18), bem como, Jesus atestou a autoria mosaica do livro – Mc 1.44; cf.:
Lv 13.49.
Vinte
dos vinte e sete capítulos do livro começam da seguinte forma: “Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo...”, ou semelhantes. Em sua maioria, Deus manda que Moisés transmita
uma mensagem a Israel ou a Arão e aos seus filhos. (cf.: 1.1; 4.1; 6.1; 8.1;
11.1; 12.1) A maior parte do material do livro apresenta mensagens vindas
diretamente de Deus para Moisés.[3]
Em 56 ocasiões Deus falou estas palavras a Moisés que as anotou pessoalmente ou
providenciou seu registro.[4]
Ao ler Levítico é necessário ter em mente o seu
caráter orientador: ele é como um
capítulo fundamental da Lei, isto é, para a história impar do povo de Deus,
constituída no e pelo Pentateuco: trata de um Deus santo e de um povo chamado
a ser santo.[5]
Levítico
apresenta o plano de Deus para ensinar o Seu povo escolhido a se aproximar d’Ele
de maneira santa. Um destaque especial foi dado às funções sacerdotais, tornando
reverente e santa esta aproximação a Deus.[6]
Então, o propósito geral do livro é a instrução sobre a adoração reverente
nacional e individual a Deus em sua santidade, apresentando as condições para
que Israel se aproximasse d’Ele e preservasse Sua presença santa entre o povo.
E a sua ênfase principal é a santidade de
Deus e a Sua exigência de santidade por parte de seu povo.[7]
Levítico,
não apenas, “prescreve as condições para que Israel desfrutasse da presença e
da bênção de Deus”[8],
da adoração apropriada e da pureza ritual, mas, ele “estabelece uma ampla
variedade de responsabilidades pessoais, familiares, sociais e econômicas,
todas elas com o objetivo de capacitar Israel a manter o seu caráter nacional
de santidade, para o qual Deus o havia criado”.[9] “Pode,
com toda a propriedade, ser interpretado como um guia abrangente, que mostra
como Israel devia por em prática, na rotina da vida cotidiana, à grande
promessa feita no monte Sinai”[10]: E vós me sereis um reino sacerdotal e o
povo santo – Êx 19.6.
O
nosso estudo panorâmico de Levítico será dividido em três partes: 1ª) A
maneira apropriada para aproximar-se de Deus e cultuá-lo – Lv 1-10; 2ª) A maneira apropriada para
a pureza física, moral e espiritual – Lv
11-16; e 3ª) A maneira apropriada para a consagração de
toda a vida a Deus – Lv 17-27.
Hoje,
após essa breve introdução, vamos estudar a primeira parte de Levítico:
A maneira apropriada para aproximar-se de Deus e
cultuá-lo – Lv 1-10.
II. A maneira apropriada para
aproximar-se de Deus e cultuá-lo – Lv 1-10
Levítico começa onde Êxodo termina. Assim que a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a
glória do Senhor encheu o Tabernáculo (Êx 40.34)... ...chamou o Senhor a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação...
(Lv 1.1).
Deus, agora, instruiu Moisés com o conteúdo de
Levítico.
1. Através dos sacrifícios estabelecidos
por Deus – 1.3-7.38
Temos
aqui nesses seis capítulos a regulamentação da apresentação das ofertas e
sacrifícios como demonstração de gratidão a Deus, como sinal de arrependimento
diante de Deus e como expiação de algum pecado cometido. Essas ofertas ou
sacrifícios são cinco e estão agrupados em três categorias: de consagração,
de comunhão e de perdão (expiação).
a. Ofertas ou
sacrifícios de consagração – eram de
dois tipos: 1º) Holocaustos – ato voluntário de
adoração que expressava a consagração do ofertante a Deus no contexto da
expiação (Lv 1) – O elemento para essa oferta era um de gado bovino, ou
de ovino/caprino ou uma ave sem defeito. O animal era oferecido de acordo com a
situação econômica do ofertante; 2º) Oferta de Manjares – ato voluntário de adoração que expressava a
devoção do ofertante a Deus (Lv 2) – Os elementos para essa oferta eram:
grãos, flor de farinha, azeite, incenso, pão cozido sem fermento e sal.
b. Ofertas ou
sacrifícios de comunhão – um tipo: Sacrifícios pacíficos – ato
voluntário de adoração que expressava a gratidão e o louvor do ofertante e o
seu desejo de comunhão com Deus (Lv 3) – O elemento para esse
sacrifício era de gado bovino, ou de ovino, ou de caprino.
c. Ofertas ou
sacrifícios de perdão – dois tipos: 1º) para os pecados involuntários de
comissão e omissão e para as impurezas cerimoniais (4.1-5.13) – temos aqui a descrição do
tipo de pessoa e do elemento para o sacrifício: sacerdote ungido – 4.3-12;
a congregação – 4.13-21; um dos líderes do
povo – 4.22-26; e um indivíduo comum – 4.27-35; e 2º) para pecados involuntários nos quais era necessário fazer restituição
(5.14-6.7).
d.
Lv 6.8-7.38
– Legislação sobre os procedimentos nas diversas ofertas que são oferecidas
para os sacerdotes.
2. Através da liderança do sacerdócio
araônico – 8.1-10.20
a.
A consagração
de Arão e seus filhos antes de ministrarem ao Senhor – 8.1-36.
b.
A primeira
serie de sacrifícios oferecidos pelo sacerdócio araônico em favor do povo – 9.1-24.
c.
A primeira
correção no ministério sacerdotal revelam a santidade de Deus e como ele
abomina o relaxamento, a arrogância e um ministério independente dele – 10.
Concluindo – Lições da primeira parte:
1) Assim como
Deus instituiu os diversos sacrifícios e ofertas para consagração, comunhão e
perdão de Israel, ele enviou seu filho amado, Jesus, para ser o sacrifício
definitivo para salvação da humanidade – cf.:
Jo 1.17; 3.16.
2) Assim como foi
Deus quem escolheu o sacerdócio araônico, ele é quem escolhe hoje a liderança
da sua igreja – cf.: Ef 4.11, 12.
3) Assim como
Deus corrigiu o erro dos primeiros sacerdotes, hoje ele também disciplina seus
filhos e a liderança da sua igreja – cf.:
Hb 12.5-8.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 25/09/14
[1] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 145.
[2] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento
no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 90.
[3] Cox, Leo G. Comentário Bíblico Beacon 1 – Gênesis a
Deuteronômio, CPAD, 1ª Edição, 2005, p. 253.
[4] Ryrie, Charles C. A Bíblia Anotada, SBB e MC,
2007, p. 101.
[5] Fernandes, Leonardo Agostini. Pentateuco – Levítico,
Introdução Geral, 2011, p. 52.
[6] Comentário Bíblico Moody (PDF). Levítico, p. 1.
[7] Pinto, p. 98.
[8] Ibid., p. 98.
[9] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Editora
Vida Nova, 1ª Edição 2009, p. 192.
[10] Clements, Robert E. Comentário Bíblico Broadman,
Volume 2 – Levítico-Rute, 1994, p. 15, 16.