No
estudo anterior vimos:
ü
Como Deus se fez conhecer de forma indireta,
através das obras da criação, do senso de moralidade na consciência dos homens
e sua intuição religiosa e através da história da humanidade; e de forma
direta, através de seu Filho Jesus Cristo e da sua Palavra, a Bíblia.
ü
Como Deus usou os homens na inspiração
das Escrituras, ou seja, a sua supervisão sobre os autores humanos da
Bíblia, de maneira tal, que eles redigiram e registraram sem erro a sua Palavra
à humanidade.
ü
Terminamos afirmando que o objetivo da Bíblia é mostrar quem Deus é,
quem os homens são e o que Deus quer que os homens sejam por meio de Jesus
Cristo.
Hoje, vamos começar um estudo panorâmico sobre os
livros da Bíblia. E vamos começar por Gênesis,
seu primeiro livro, que faz parte da sua primeira divisão, o Pentateuco.
I. O
Pentateuco
O Pentateuco é como são chamados os primeiros
cinco livros da Bíblia, no AT – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio.
A palavra Pentateuco é composta de dois termos
gregos, penta, que significa cinco
e teuco
que significa um utensílio, um vaso, um estojo. O termo diz respeito a um vaso onde ficava um rolo de
papiro de aproximadamente nove metros, onde estava escrita a Lei de Moisés. Em
hebraico é chamado de hamissâ humtse hatôrah, que
traduzido significa os cinco quintos da
Lei. Nos tempos do AT, os hebreus o chamavam de várias maneiras, sendo a
mais conhecida há torâh – a instrução. No entendimento dos hebreus, a Lei de Deus
tem cinco partes e toda ela está ali, naquele livro. Para eles o Pentateuco é a
totalidade da Lei Divina.[1]
Portanto, Pentateuco significa livro em
cinco volumes.
Para uma visão global do ensino do Pentateuco, o
Prof. Karl Janzen, apresenta o seguinte esquema da ênfase sobre Deus e sobre o
seu programa nos cinco livros:
1.
Ênfase na pessoa de Deus – 1) Gênesis – Soberania de
Deus sobre a criação, o homem e as nações; 2) Êxodo – Poder de Deus para
julgar o pecado e redimir o seu povo; 3)
Levítico – Santidade de Deus e sua
provisão para a vida santa do homem; 4)
Números – Severidade e benevolência
de Deus ao disciplinar o seu povo; 5)
Deuteronômio – Fidelidade de Deus ao
cumprir suas promessas.
2.
Ênfase no programa de
Deus – 1) Gênesis – Criação e Preparação do regulamento da nação de Israel; 2) Êxodo – Inauguração e legislação da nação de Israel; 3) Levítico – Organização
espiritual da nação de Israel; 4)
Números – Organização politica da
nação de Israel; 5) Deuteronômio
– Reorganização da nação de Israel para a
vida em Canaã.[2]
O Prof. Karl Janzen apresenta, também, “uma visão
gráfica dos livros do Pentateuco, mostrando o conteúdo geral de cada livro, a
sua ideia chave, o que cada livro ressalta sobre Deus e o que cada livro
ressalta no homem”.[3]
LIVRO
|
CONTEÚDO
|
IDEIA CHAVE
|
DEUS
|
HOMEM
|
Gênesis
|
Origens e Patriarcas hebraicos
|
Princípios
|
Soberania
|
Queda
|
Êxodo
|
Livramento do Egito e o Tabernáculo
|
Libertação
|
Poder
|
Redenção
|
Levítico
|
Regulamentos religiosos e morais
|
Legislação
|
Santidade
|
Comunhão
|
Números
|
Peregrinação no deserto
|
Provação
|
Severidade
|
Orientação
|
Deuteronômio
|
Repetição da Lei
|
Recordação
|
Fidelidade
|
Destino
|
II. O Livro
de Gênesis
Gênesis
vem de uma palavra grega usada na primeira tradução da Bíblia Hebraica para o
Grego, a Septuaginta, e significa origem
ou princípio correspondendo de um modo geral ao conteúdo do livro. Na
Bíblia hebraica, ele recebe o nome correspondente à primeira palavra do livro Bereshit,
que é traduzida comumente para o português por “No princípio” – Gênesis 1.1a.
Esse
livro foi escrito por Moisés, possivelmente, antes do Êxodo e antes da sua
morte, entre 1445 e 1405 a.C. Moisés “conhecia tanto os registros escritos
quanto a tradição oral sobre a história dos primórdios e, sob a orientação a
orientação do Espirito Santo, valeu-se desses recursos para escrever acerca de
acontecimentos anteriores à sua vida”[4]. Mas, é
claro que, alguma outra pessoa acrescentou o registro de sua morte em
Deuteronômio 34.
O
conteúdo do livro de Gênesis pode ser estudado em três partes: 1ª) Primórdios
– Gn 1-11; 2ª) Patriarcas – Gn 12-36; 3ª) Descida para o Egito – Gn 37-50.[5]
A
primeira parte, o período dos primórdios, se resume em três expressões: Criação,
Dilúvio e Babel. A segunda parte, o período dos patriarcas, em três
nomes: Abraão, Isaque e Jacó. A terceira parte, o período da descida
para o Egito, em três fases: Até o Egito, até a exaltação e até a morte.
Agora,
vamos olhar com mais atenção essas três partes, começando com os Primórdios e suas três expressões:
1. Primórdios – Gênesis 1-11 – Esse período inicial é dividido em três fases:
a. Primeira fase – Criação – Gn 1-5 – Não apenas a citação geral e a
criação do ser humano, mas também a descrição do Éden, a queda, a mensagem aos
descendentes imediatos de nossos primeiros pais, até o capítulo 5 onde tem uma
genealogia. Isso é o quero englobar nesta fase da Criação.
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Em Gn 1 temos o relato da criação em seis
dias, dividido em duas partes: 1ª) Gn 1.1-10 – Deus cria as estruturas fundamentais do nosso mundo – a) o tempo – vv.3-5; b) o espaço – vv.6-10. O espaço é
delimitado verticalmente – vv.6-8, e horizontalmente – vv.9-10; 2ª) Gn 1.11-28 – Deus cria dentro do mundo já estruturado, os seres vivos e as condições
para sua sobrevivência – a) a criação da natureza (plantas) – vv.11-13;
b) a criação do sol e da lua como
marcadores do dia e da noite – vv.14-19; c)
a criação dos animais – vv.20-25; d)
a criação dos seres humanos – vv.26-28. Dentro de seu plano criativo, Deus
acrescenta, ainda, providências quanto à reserva alimentar do planeta – vv.29-30,
e um parecer final registrando a satisfação do Criador com a sua criação – v.31.
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Em Gn 2 temos o relato de detalhes da
criação do homem, do Édem e da mulher. Temos, também, o estabelecimento dos
limites da ação e do domínio do ser humano em relação a criação e o Criador,
bem como, o primeiro matrimônio e o estabelecimento da família como célula
principal da sociedade que iria ser formada a partir do primeiro casal.
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Em Gn 3 temos os detalhes da queda do ser
humano e suas consequências imediatas e futuras, bem como, a promessa de
redenção futura.
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Em Gn 4 temos o relato do crescimento da
primeira família fora do Éden e as consequências da queda, se manifestando de
maneira destruidora nos relacionamentos familiares, com a intolerância e o
primeiro homicídio. E o pior de tudo é a reação do homem em relação ao seu
Criador – v.9. A partir dai a corrupção do ser humano cresce assustadoramente,
mas também nasce uma geração que começa a invocar o nome do Senhor – vv.19-24,
25, 26. Em Gn 5 temos a genealogia
de Adão a parti de Sete.
b. Segunda Fase – Dilúvio – Gn 6-10 – Aqui,
além da narração referente à corrupção do gênero humano e o anúncio do dilúvio
(6.1-7.9), conta-se como Noé e sua família entraram na arca e o período que
ficaram lá (7.10-24), bem como, saíram da arca e receberam a promessa de Deus
de não mais destruir a terra pelas águas (8). Temos, também, a menção do Pacto
que Deus fez com Noé e das primeiras famílias constituídas após o dilúvio. No
capítulo 10 temos uma nova genealogia, a dos descendentes de Noé.
c. Terceira fase – Babel – Gn 11 – A terra,
até em tão, falava a mesma língua (vv.1, 2). Mas, a partir daqui, Deus, como
castigo pelo orgulho e idolatria humana (vv.3-6), confunde as línguas e espalha
o homem por toda a face da terra (vv.7-9). E, para terminar a fase, temos uma
nova genealogia – vv.10-32.
Concluindo – Vamos concluir essa primeira parte do livro de
Gênesis uma observação interessante e três lições para a nossa vida:
1)
Observação:
Uma coisa interessante para se notar é que todas as fases dessa primeira parte
de Gênesis terminam com uma genealogia. A primeira genealogia até Noé, a
segunda, a partir de Noé e a terceira até Terá, pai de Abraão.
2)
Lições da primeira parte – Primórdios: 1ª) Todas as coisas tem um começo – Deus; 2ª) Deus
é um Deus de oportunidades, mas há um limite; 3ª) Deus age a favor do ser humano mesmo sem esse entender de imediato e o
ajuda a recomeçar.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 27/07/14
[1] Filho, Isaltino Gomes Coelho. O Pentateuco e sua
contemporaneidade, JUERP, 2000, p. 11, 12.
[2] Janzen, Prof. Karl. Apostila de Antigo Testamento da
Faculdade Teológica Batista de Brasília.
[3] Filho, p. 24.
[4] Ryrie, Charles C. A Bíblia Anotada, SBB e MC,
2007, p.5.
[5] Essa divisão é sugerida por Júlio Andrade
Ferreira em seu livro: Conheça sua Bíblia, Volume 1 – Gênesis a Levítico. Com
algumas modificações e acréscimos usamos a ideia do livro em nosso esboço.
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