Mateus 7.1-29
Em
nosso estudo anterior, vimos que:
ü
Deus está igualmente
preocupado com as duas áreas da nossa vida: a particular e a pública; a
religiosa e a secular. Em ambas, precisamos ser diferentes: da hipocrisia religiosa dos fariseus (vv.1-18) e do materialismo
secular dos gentios (vv.19-34).
ü
Jesus coloca diante dos seus
discípulos alternativas contrastantes: 1)
Dois tesouros – na terra e no céu – vv.19-21;
2) Duas condições físicas – luz e trevas
– vv.22-23;
3) Dois senhores – Deus e as
riquezas – v.24; e 4) duas
preocupações – nosso corpo e o reino de Deus – vv.35-34.
ü
Terminamos
afirmando que, depois de escolher entre os dois tesouros (onde ajuntá-los), as duas
visões (onde fixar os olhos), os dois senhores (a quem servir) e; as duas
preocupações (como viver) nos resta a recomendação de Jesus: Não vos inquieteis, pois, pelo dia de
amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (v.34)
Hoje,
estamos terminando os estudos no Sermão do Monte no capítulo 7, onde Jesus fala
sobre relacionamentos cristãos (vv.1-6),
escolhas
cristãs (vv.7-14), e compromissos cristãos (vv.15-27).
I. Relacionamentos Cristãos – vv.1-6
Para
um bom relacionamento entre os cristãos é necessário saber como lidar com os
julgamentos ou críticas, saber os critérios e em que medida usá-los. Nos vv.1-5
Jesus adverte os seus discípulos contra a atitude de criticar outras pessoas
sem verificar primeiro se eles estavam abertos à crítica.
No
v.1, Jesus “não está condenado o
exercício natural do ser humano de fazer uso da faculdade crítica, do juízo de
valor e escolha entre diferentes programas ou planos de ação, mas sim o hábito
de fazer julgamento ferino e duro contra as pessoas, o que deprime, machuca e
enfraquece em vez de corrigir, fortalecer e edificar.”[1]
Como,
então, julgar (criticar) corretamente? 1º)
Julgar como gostaria de ser julgado –
v.2; 2º) Julgar-se primeiro
(autocrítica) – v.3, 4; 3º) Não
ser hipócrita ou falso – v.5; 4º) Não
se colocar na posição de juiz – v.1; cf. Rm 14.4, 13; 1Co 4.5; Tg 4.12.
John
Stott disse: “O discípulo de Jesus é um
crítico no sentido de usar o seu poder de discernimento, mas não um juiz no
sentido de censurar”.[2]
No
v.6, Jesus ordena aos seus discípulos
que façam um julgamento correto na hora de compartilhar as coisas de Deus, pois
a verdade do Evangelho “não deve ser desnecessariamente exposta a insultos e
zombarias”.[3]
Para MacArthur, aqui temos um “princípio que regulamenta a maneira como se
trata o Evangelho diante daqueles que odeiam a verdade”.[4]
II. Escolhas Cristãs – vv.7-14
Em
todas as situações da vida o cristão deve manter-se em comunhão com Deus
através da oração. Segundo Jesus, aqui, “a persistência na oração pode esperar
resposta não em razão da técnica utilizada, mas do Deus a quem é dirigida a
oração”.[5]
O
interessante é que nos vv.7-11 “os
imperativos estão todos no presente, o que sugere o buscar, pedir e bater à
porta constante, e não apenas uma única petição”.[6]
O
v.12 é a chamada Regra de Ouro, que
também existe no judaísmo, no hinduísmo e budismo, mas de forma negativa, por
exemplo: “Não faça a outros o que você
odeia” do Rabi Hilel. Aqui, Jesus, sintetiza suas instruções acerca de como
os seus discípulos devem viver. Ele resume de “maneira precisa a essência dos
princípios éticos contidos na Lei e nos Profetas”.[7]
Agora,
a partir dos vv.13 e 14, Jesus,
começa as suas advertências e aplicações finais no Sermão do Monte. Nesses
versículos iniciais da sua conclusão estão presentes duas portas, dois caminhos, dos destinos e dois grupos de pessoas.
Que porta, qual caminho, que destino e de que grupo de pessoas fazem parte os
verdadeiros discípulos de Jesus?
III. Compromissos Cristãos – vv.15-27
Continuando
suas considerações finais no Sermão do Monte, Jesus, fala de dois tipos de árvores e dois tipos de frutos
(vv.15-20), dois tipos de julgamentos (vv.21-23)
e dois tipos de construtores,
construindo sobre dois tipos de
fundamentos (vv.24-27). Usando
esse recurso pedagógico comum do seu tempo, Jesus, revela o tipo de compromisso
dos falsos e verdadeiros discípulos.
1. Dois tipos de árvores e dois
tipos de frutos – vv.15-20 – A
lição, aqui, é que o verdadeiro discípulo de Jesus é conhecido não pelo que
professa, mas, pelos frutos resultantes do seu discurso e comportamento na sua
comunidade, que devem genuinamente agradar a Deus – cf.: Mt 3.8-10; 12.33-37;
21.43. Um verdadeiro discípulo de Cristo assume um compromisso de viver o
equilíbrio entre a fé e as boas obras da fé.
2. Dois tipos de julgamentos – vv.21-23 – A lição, aqui, é que a
aceitação de um discípulo de Jesus diante de Deus, não depende do que ele
professa ou faz, mas do fato de Jesus conhecê-lo ou não. Um verdadeiro
discípulo de Cristo, antes de fazer alguma obra cristã, já experimentou a obra
redentora de Cristo em sua vida.
3. Dois tipos de construtores,
construindo sobre dois tipos de
fundamentos – vv.24-27 – A
lição, aqui, é que o verdadeiro discípulo de Jesus edifica sua vida espiritual
ouvindo e praticando o ensino do Evangelho. Ele cresce na graça e no
conhecimento do Senhor Jesus. Ele não é apenas ouvinte da Palavra, mas
praticante dela também. (cf.: 1Pe 3.18; Tg 1.22)
Essa
conclusão do discurso de Jesus nos deixa com a necessidade incômoda de
considerar não apenas o que professamos, mas se isso, de fato, está ou não
baseado em um relacionamento genuíno com Ele e em questões ligadas à vida de um
verdadeiro discípulo seu.
Concluindo
Terminado
o Sermão do Monte, Mateus destaca a reação da plateia: ... a multidão se admirou da sua doutrina;
Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.
(vv.28, 29)
A
autoridade de Jesus estava no fato de que a multidão via em sua vida o
equilíbrio entre o discurso e a sua prática. Minha oração é que possamos buscar
esse equilíbrio Nele.
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 14/06/14
[1] Filho, Pr. José Soares Pinto. O Sermão do Monte,
Lição13, Editora Cristã Evangélica, p. 58.
[2] Ibid., p.58.
[3] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
2009, p. 1373.
[4] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 1218.
[5] Carson, p. 1373.
[6] Ibid., p. 1373.
[7] MacArthur, p. 1219.
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