domingo, 15 de junho de 2014

O Cuidado do Cristão - Relacionamentos, escolhas e compromissos

Mateus 7.1-29

Em nosso estudo anterior, vimos que:

ü  Deus está igualmente preocupado com as duas áreas da nossa vida: a particular e a pública; a religiosa e a secular. Em ambas, precisamos ser diferentes: da hipocrisia religiosa dos fariseus (vv.1-18) e do materialismo secular dos gentios (vv.19-34).

ü  Jesus coloca diante dos seus discípulos alternativas contrastantes: 1) Dois tesouros – na terra e no céu vv.19-21; 2) Duas condições físicas – luz e trevas –  vv.22-23; 3) Dois senhoresDeus e as riquezasv.24; e 4) duas preocupações – nosso corpo e o reino de Deusvv.35-34.

ü  Terminamos afirmando que, depois de escolher entre os dois tesouros (onde ajuntá-los), as duas visões (onde fixar os olhos), os dois senhores (a quem servir) e; as duas preocupações (como viver) nos resta a recomendação de Jesus: Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (v.34)

Hoje, estamos terminando os estudos no Sermão do Monte no capítulo 7, onde Jesus fala sobre relacionamentos cristãos (vv.1-6), escolhas cristãs (vv.7-14), e compromissos cristãos (vv.15-27).

I. Relacionamentos Cristãos – vv.1-6

Para um bom relacionamento entre os cristãos é necessário saber como lidar com os julgamentos ou críticas, saber os critérios e em que medida usá-los. Nos vv.1-5 Jesus adverte os seus discípulos contra a atitude de criticar outras pessoas sem verificar primeiro se eles estavam abertos à crítica.

No v.1, Jesus “não está condenado o exercício natural do ser humano de fazer uso da faculdade crítica, do juízo de valor e escolha entre diferentes programas ou planos de ação, mas sim o hábito de fazer julgamento ferino e duro contra as pessoas, o que deprime, machuca e enfraquece em vez de corrigir, fortalecer e edificar.”[1]

Como, então, julgar (criticar) corretamente? 1º) Julgar como gostaria de ser julgadov.2; 2º) Julgar-se primeiro (autocrítica) – v.3, 4; 3º) Não ser hipócrita ou falsov.5; 4º) Não se colocar na posição de juiz – v.1; cf. Rm 14.4, 13; 1Co 4.5; Tg 4.12.

John Stott disse: “O discípulo de Jesus é um crítico no sentido de usar o seu poder de discernimento, mas não um juiz no sentido de censurar”.[2]

No v.6, Jesus ordena aos seus discípulos que façam um julgamento correto na hora de compartilhar as coisas de Deus, pois a verdade do Evangelho “não deve ser desnecessariamente exposta a insultos e zombarias”.[3] Para MacArthur, aqui temos um “princípio que regulamenta a maneira como se trata o Evangelho diante daqueles que odeiam a verdade”.[4]

II. Escolhas Cristãs – vv.7-14

Em todas as situações da vida o cristão deve manter-se em comunhão com Deus através da oração. Segundo Jesus, aqui, “a persistência na oração pode esperar resposta não em razão da técnica utilizada, mas do Deus a quem é dirigida a oração”.[5]

O interessante é que nos vv.7-11 “os imperativos estão todos no presente, o que sugere o buscar, pedir e bater à porta constante, e não apenas uma única petição”.[6]

O v.12 é a chamada Regra de Ouro, que também existe no judaísmo, no hinduísmo e budismo, mas de forma negativa, por exemplo: “Não faça a outros o que você odeia” do Rabi Hilel. Aqui, Jesus, sintetiza suas instruções acerca de como os seus discípulos devem viver. Ele resume de “maneira precisa a essência dos princípios éticos contidos na Lei e nos Profetas”.[7]

Agora, a partir dos vv.13 e 14, Jesus, começa as suas advertências e aplicações finais no Sermão do Monte. Nesses versículos iniciais da sua conclusão estão presentes duas portas, dois caminhos, dos destinos e dois grupos de pessoas. Que porta, qual caminho, que destino e de que grupo de pessoas fazem parte os verdadeiros discípulos de Jesus?

III. Compromissos Cristãos – vv.15-27

Continuando suas considerações finais no Sermão do Monte, Jesus, fala de dois tipos de árvores e dois tipos de frutos (vv.15-20), dois tipos de julgamentos (vv.21-23) e dois tipos de construtores, construindo sobre dois tipos de fundamentos (vv.24-27). Usando esse recurso pedagógico comum do seu tempo, Jesus, revela o tipo de compromisso dos falsos e verdadeiros discípulos.

1. Dois tipos de árvores e dois tipos de frutosvv.15-20 – A lição, aqui, é que o verdadeiro discípulo de Jesus é conhecido não pelo que professa, mas, pelos frutos resultantes do seu discurso e comportamento na sua comunidade, que devem genuinamente agradar a Deus – cf.: Mt 3.8-10; 12.33-37; 21.43. Um verdadeiro discípulo de Cristo assume um compromisso de viver o equilíbrio entre a fé e as boas obras da fé.

2. Dois tipos de julgamentosvv.21-23 – A lição, aqui, é que a aceitação de um discípulo de Jesus diante de Deus, não depende do que ele professa ou faz, mas do fato de Jesus conhecê-lo ou não. Um verdadeiro discípulo de Cristo, antes de fazer alguma obra cristã, já experimentou a obra redentora de Cristo em sua vida.

3. Dois tipos de construtores, construindo sobre dois tipos de fundamentosvv.24-27 – A lição, aqui, é que o verdadeiro discípulo de Jesus edifica sua vida espiritual ouvindo e praticando o ensino do Evangelho. Ele cresce na graça e no conhecimento do Senhor Jesus. Ele não é apenas ouvinte da Palavra, mas praticante dela também. (cf.: 1Pe 3.18; Tg 1.22)

Essa conclusão do discurso de Jesus nos deixa com a necessidade incômoda de considerar não apenas o que professamos, mas se isso, de fato, está ou não baseado em um relacionamento genuíno com Ele e em questões ligadas à vida de um verdadeiro discípulo seu.

Concluindo

Terminado o Sermão do Monte, Mateus destaca a reação da plateia: ... a multidão se admirou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas. (vv.28, 29)

A autoridade de Jesus estava no fato de que a multidão via em sua vida o equilíbrio entre o discurso e a sua prática. Minha oração é que possamos buscar esse equilíbrio Nele.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 14/06/14




[1] Filho, Pr. José Soares Pinto. O Sermão do Monte, Lição13, Editora Cristã Evangélica, p. 58.
[2] Ibid., p.58.
[3] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 1373.
[4] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1218.
[5] Carson, p. 1373.
[6] Ibid., p. 1373.
[7] MacArthur, p. 1219.

Boletim CBL Limeira - Nº 60 - 15/06/2014

sábado, 7 de junho de 2014

A Piedade do Cristão (2) - Dois tesouros, duas visões, dois senhores e duas preocupações

Mateus 6.19-34

Em nosso estudo anterior, comparamos o que Jesus ensina no capítulo 5 com o que ensina no capítulo 6 e vimos que em Mateus 5 ele fala de justiça moral relacionada com bondade, pureza, honestidade e amor,  e em Mateus 6 fala de justiça religiosa relacionada a esmola, oração e jejum.

Vimos, também, que em Mt 6.1, o que Jesus condena é a prática de boas obras, morais ou religiosas, com a intenção de se exibir, de parecer o que não é e receber elogios por isso. E que em Mt 5.14-16, ele ensina que as verdadeiras boas obras, tão naturais, espontâneas e visíveis como a luz, glorificam a Deus, não aos que as praticam.

Em Mateus 6.1-18 Jesus trata da vida particular do cristão e suas praticas religiosas: doações, orações e jejuns. Hoje, vamos ver Mateus 6.19-34 que trata da vida pública do cristão em relação a questões seculares – valores, prioridades, serviço e preocupações.

[1]A distinção entre o que é religioso e o que é secular é didática. Na prática, não podemos separar estas duas esferas da vida. Se somos cristãos, tudo o que fazemos, por mais secular que pareça, é religioso ou espiritual, feito para a glória de Deus (Cl 3.23-24). Nesta parte do Sermão do Monte, Jesus mostra isto: Deus está igualmente preocupado com as duas áreas da nossa vida: a particular e a pública; a religiosa e a secular. Em ambas, precisamos ser diferentes: da hipocrisia religiosa dos fariseus (vv.1-18) e do materialismo secular dos gentios (vv.19-34).

Jesus, outra vez, coloca diante dos seus discípulos alternativas contrastantes: 1) Dois tesouros – na terra e no céu vv.19-21; 2) Duas condições físicas – luz e trevas –  vv.22-23; 3) Dois senhoresDeus e as riquezasv.24; e 4) duas preocupações – nosso corpo e o reino de Deusvv.35-34.

Mas como fazer a escolha? A ambição do mundo nos fascina. O encanto do materialismo é difícil de quebrar. Aqui, Jesus nos ajuda a escolher o melhor. Ele destaca a insensatez do caminho errado e a sabedoria do caminho certo.

1. Dois tesouros (vv.19-21)

Observar:

a. O que Jesus não proibiu: (a) a propriedade particular (ver Gn 13.2); (b) a poupança para o futuro (ver Pv 6.6-7); (c) o desfrutar das coisas que Deus nos dá (ver 1Tm 6.17).

b. O que Jesus proibiu? (a) o acúmulo exagerado de dinheiro e bens; (b) o consumismo exagerado, materialista; (c) a vida extravagante e luxuosa (ver Lc 12.15).

Como ajuntar tesouros no céu? Fazendo coisas cujos efeitos se perpetuam além da morte, por toda a eternidade. Isto não significa que Jesus estava ensinando uma doutrina de méritos, como se pudéssemos acumular no céu, através de boas obras praticadas na terra, uma espécie de crédito bancário. Tal noção contradiz o evangelho da graça que Jesus e seus apóstolos ensinaram. E, de qualquer modo, Jesus estava falando a discípulos que já estavam salvos.

Note também o que Jesus disse sobre a durabilidade das riquezas: as da terra são temporais, as do céu são eternas. (cf.: Jó 1.21; 2Co 4.18; Cl 3.2)

Então, o que, especificamente podemos fazer para ajuntar tesouros no céu?

a) Desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo; b) Crescer na fé, na esperança e no amor, posto que estas virtudes, como escreveu o apóstolo Paulo, “permanecem...” (1Co 13.13); c) Crescer no conhecimento de Cristo, com quem estaremos no céu, eternamente; d) Falar de Cristo com outras pessoas de modo que também possam estar conosco no céu; e) Investir dinheiro nas causas cristãs (dízimos e ofertas). Este é o único investimento financeiro cujos dividendos são eternos.

2. Duas condições físicas – vv.22-23

Jesus passa da durabilidade dos dois tesouros para o benefício relativo de duas condições. O contraste agora é entre uma pessoa cega e uma pessoa que tem visão e, consequentemente, entre as trevas e a luz em que elas respectivamente vivem. “Os olhos são a lâmpada do corpo...” O corpo depende da visão... para andar, correr, ler, cozinhar... O olho “ilumina” o que o corpo faz com as mãos e os pés. “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”. Com frequência, na Bíblia, olho é equivalente a coração. “Fixar os olhos” em alguma coisa é equivalente a “colocar o coração” (Sl 66.18). Então, Jesus está falando da importância de se fixar os olhos ou pôr o coração na coisa certa (v.21). Se os colocamos nas coisas erradas, ficamos intolerantes, egoístas, desumanos, e perdemos o verdadeiro propósito da vida (1Ts 6.9-10).

3. Dois senhores – v.24

Depois da escolha entre dois tesouros (onde ajuntá-los) e duas visões (onde fixar os olhos), temos ainda que escolher entre dois senhores (a quem servir). Trata-se de uma escolha entre Deus e as riquezas. Muitos se recusam a fazer esta escolha; acham possível servir a ambos. Acabam servindo a Deus com os lábios, às riquezas com o coração; ou a Deus na aparência, às riquezas na realidade. Outros servem a Deus com a metade do seu tempo, às riquezas com a outra metade. Mas é justamente esta solução popular de comprometimento dividido que Jesus condena. (ver Js 24.15, 24)

Devoção e serviço exclusivos a Deus e a Cristo não significam passar todo o tempo lendo a Bíblia, orando, adorando ou pregando. Porém, quando a intenção é ajuntar tesouros no céu, quando os olhos (e o coração) estão fixos nas coisas de Deus, tudo o que fazemos é para Deus, para a sua glória (1Co 10.31).

Perguntaram a um cristão: O que o Senhor faz da vida? Qual é a sua profissão? Ele respondeu: Eu sirvo a Deus. Querem saber como eu faço isto? Como médico.

4. Duas preocupações – vv.25-34

A frase inicial “Por isso...” relaciona o que segue com as escolhas referidas nos parágrafos anteriores. Se escolhemos o céu, a luz e Deus, então, não precisamos ficar ansiosos, preocupados com a subsistência: água, comida, roupa. Deus sabe que precisamos disso. Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (v.33) Não tudo o que queremos, mas o necessário. (Tg 1.17; Fp 4.11).

Concluindo

Depois de escolher entre os dois tesouros (onde ajuntá-los), as duas visões (onde fixar os olhos), os dois senhores (a quem servir) e; as duas preocupações (como viver) nos resta a recomendação de Jesus: Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (v.34)

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 06/06/14





[1] Esse estudo segue um resumo e adaptação livre do livro de John Stott, A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 2ª edição, 1997, preparado pelo Pr. Éber Lenz Cesar, para Escolas Dominicais, 2001, com algumas adaptações minhas.

Boletim CBL Limeira - Nº 59 - 08/06/2014

domingo, 1 de junho de 2014

Piedade Cristã – Sem hipocrisia, para ser vista e recompensada por Deus.

Mateus 6.1-18

[1]No Sermão do Monte, capítulo 5 de Mateus, Jesus já falou sobre o caráter do cristão pronunciando as bem-aventuranças, falou sobre a influência do cristão usando as metáforas “sal da terra e luz do mundo” e falou sobre a justiça do cristão fazendo aplicações da Lei de Deus resgatando o seu sentido original e a sua profundidade real.

Agora, no capítulo 6, ele continua falando sobre a justiça do cristão, mas numa outra área da vida, que vou chamar de a piedade do cristão.

Se compararmos o que Jesus ensina no capítulo 5 com o que ensina no capítulo 6 veremos que em Mateus 5 ele fala de justiça moral relacionada com bondade, pureza, honestidade e amor. E em Mateus 6 fala de justiça religiosa relacionada a esmola, oração e jejum.

Nos estudos anteriores vimos que os fariseus, distorcendo a Lei, enfatizavam os procedimentos externos e aparentes em detrimento dos verdadeiros sentimentos e intenções do coração. Jesus, ao contrário, dizia que a observância da Lei deve começar no coração. Esmolas, oração e jejum não têm valor quando praticados externamente apenas, com a intenção hipócrita de parecer mais religioso ou piedoso do que realmente é.

Jesus advertiu: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles...” (Mt 6.1). À primeira vista, essa advertência de Jesus pode parecer contraditória com o que ele disse antes: “Vós sois a luz do mundo... Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras...” (5.14, 16). Mas não há contradição. Em Mt 6.1, o que Jesus condena é a prática de boas obras, morais ou religiosas, com a intenção de se exibir, de parecer o que não é e receber elogios por isso. Mas em Mt 5.14-16, ele ensina que as verdadeiras boas obras, tão naturais, espontâneas e visíveis como a luz, glorificam a Deus, não aos que as praticam (Mt 5.16b).

Hoje, vamos examinar três exemplos dados por Jesus.

1. A esmola do cristão – vv.2-4

Jesus esperava que seus discípulos fossem doadores generosos, mas os advertia contra as motivações egoístas e exibicionistas. No caso das esmolas ou ofertas, o importante não é o que a mão está fazendo, mas o que o coração está pensando enquanto isso. Três possibilidades: (a) desejo de aparecer e receber louvor das pessoas; (b) desejo de sentir-se bem consigo mesmo; (c) desejo de agradar a Deus e ser aprovado por ele.

Os fariseus buscavam o louvor dos homens. Razão porque Jesus os chamou de hipócritas, termo grego significa ator. É fácil condenar os fariseus mas, é difícil reconhecer que nós também, muitas vezes, gostamos de aparecer ou de contar aos outros a ajuda que damos aos necessitados ou as ofertas que damos na igreja, e isto com a intenção de receber elogios. Referindo-se aos fariseus, Jesus acrescentou: “... eles já receberam a sua recompensa” (v.2). Se o que buscavam era a admiração e os elogios dos homens, já os tinham. Sempre há os que se impressionam com as representações dos atores que enchem os palcos da sociedade e das igrejas.

Então, qual é a maneira cristã e sincera de dar esmolas ou fazer ofertas?

Jesus responde no v.3não toque trombeta, não alardeie; não busque a glorificação dos outros; e não fique pensando no que fez e se achando o máximo; isto é autoglorificação. Jesus disse ainda: “Teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (v.4). Não os homens, mas Deus, ao seu modo. Há também a alegria de ver o contentamento e alívio do necessitado ou da igreja a quem se fez a doação.

2. A oração do cristão – vv.5-15

Jesus disse que os hipócritas “... se comprazem em orar (v.5a), isto é, “eles gostavam de orar”. Mas, gostavam de orar em lugares públicos “para serem vistos pelos homens” (v.5b). A mesma intenção de se exibir, de parecer piedoso e ser admirado. Essa hipocrisia ainda ocorre em nossos dias. Precisamos examinar nossos motivos mais íntimos.

A orientação de Jesus no v.6 não significa que só podemos orar no quarto com a porta fechada. Ele mesmo e os apóstolos oravam a sós e também com outras pessoas, em lugares públicos. Aqui, o Senhor, também está falando da motivação: o desejo sincero de falar com Deus. Fechar a porta pode ser um equivalente ao fechar os olhos e concentrar-se somente em Deus. De novo Jesus contrasta as recompensas: os que oram para serem vistos e admirados pelos homens só recebem isto; os que falam com Deus, de verdade, têm resposta às suas orações (v.6; cf. SL 66.18-20).

3. O jejum do cristão – vv.16-18.

Jejum é abstenção total ou parcial de alimento durante períodos de tempo curtos ou mais longos. Os judeus jejuavam duas vezes por semana (cf. Lc 18.12). João Batista e seus discípulos jejuavam regularmente. Antes de iniciar seu ministério terreno, Jesus jejuou (Mt 4.1-2), mas os discípulos de Jesus não jejuavam, quando com Jesus (cf. Mt 9.14; Lc 5.33). Os apóstolos, mais tarde, jejuaram (cf. At 13.2-3).

Na Bíblia, o jejum relaciona-se com a auto-humilhação, arrependimento, confissão, autodisciplina e oração (cf. Sl 35.13; Is 58.3, 5; Ne 9.1-2; Jn 3.5; Dn 9.2ss; At 9.9). Jejum e oração eram praticados, tanto no NT quanto no AT, em situações especiais de maior necessidade, visando bênçãos especiais (Ef 4.16; At 13.1-3). O problema com os fariseus, referido nesta passagem do Sermão do Monte, era, mais uma vez, a hipocrisia, a intenção de parecer aos homens que jejuavam (v.16). E de novo Jesus menciona a recompensa humana que buscavam e a recompensa ou bênção de Deus pelo jejum espontâneo e sincero (vv.16b, 18b).

Concluindo

A orientação do v.17 não implica em nada especial, fora do comum, mas apenas a naturalidade, que não tem nenhuma intenção de fingir espiritualidade.



[1] Esse estudo segue um resumo e adaptação livre do livro de John Stott, A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 2ª edição, 1997, preparado pelo Pr. Éber Lenz Cesar, para Escolas Dominicais, 2001, com algumas adaptações minhas.

Boletim CBL Limeira - Nº 58 - 01/06/2014