Defender a fé
do erro exige consciência dos desígnios de Deus para com hereges na medida em
que apóstatas contemporâneos se encaixam no padrão histórico na sua conduta,
seu caráter e sua condenação.[1]
No
estudo anterior nos vv.8-11,
discorremos sobre o tema Revisão com
a seguinte tese: Defender a fé cristã do
erro exige consciência dos desígnios de Deus para com hereges na medida em que
apóstatas contemporâneos se encaixam no padrão histórico na sua conduta, seu
caráter e sua condenação.
Expomos
o texto e o expomos versículo por versículo, com a ênfase em que os apostatas
contemporâneos se encaixam no padrão histórico em sua conduta.
Hoje,
vamos estudar os vv.12, 13 também com
o tema Revisão e a seguinte tese: Os apóstatas contemporâneos se encaixam no
padrão histórico em seu caráter.
Após
mostrar que os apostatas contemporâneos
se encaixam no padrão histórico em sua conduta, Judas, agora, passa a
mostrar como os mesmos se encaixam no
padrão histórico em seu caráter.
1º) Eles são destrutivos como rochas
submersas (manchas) – v.12a
A
primeira descompostura é dirigida à desfaçatez e enganação com que os falsos
mestres se se infiltraram nas igrejas. O termo usado para manchas aqui é spilas e tem seu significado no grego
popular como escolho submerso ou submerso
pela metade contra o qual um barco pode encalhar facilmente. Por isso a
versão ARA traduz esse termo como rochas
submersas. “Assim como as rochas
submersas no mar, que são um perigo invisível para a navegação, aqueles homens
não aparentavam ser perigos para as igrejas”[2].
Esses
falsos mestres participavam das festas cristãs – festas de amor (ACF), festas
de fraternidade (ARA), festas de caridade (ARC), refeições de amizade (BLH) –
como se fossem irmãos, partes da comunidade, irmãos em Cristo. Essas festas de
amor eram festividades organizadas pela igreja no período apostólico onde os
irmãos e as irmãs em Cristo, de uma determinada localidade, comiam (almoçavam
ou jantavam) juntos e celebravam a Ceia do Senhor.
Esse
costume teve sua origem no fato de que o Senhor Jesus instituiu a Ceia do
Senhor durante uma refeição com os seus discípulos – Mt 26.17-30; Mc 14.22-24;
Lc 22.19, 20; Jo 13.1-4.[3]
Essas festas do amor de Deus deixaram de ser realizadas a partir do 2º Século por causa dos abusos que falsos irmãos estavam cometendo. Temos pelo menos três exemplos desses abusos: em Corinto – 1Co 11.17-34; em 2Pe 2.13; e aqui em Judas. Os falsos mestres aproveitavam as festas para espalhar sua heresia e sua libertinagem.
2º) Eles são egoístas como pastores
mercenários – v.12b
Esses
falsos mestres se apresentavam como se fossem pastores e se aproveitavam da
posição de autoridade eclesiástica para espalhar seu “erro, conquistar
discípulos dentre os cristãos e dividir as igrejas. Assim não hesitavam em
lançar mão da hipocrisia e do fingimento para se infiltrar nas comunidades”[4].
Jesus
mesmo alertou sobre esses em Mateus 7.15
– Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores.
O
que dizer dos falsos pastores, bispos, e apóstolos de hoje?
3º) Eles são enganosos como nuvens sem
chuva – v.12c
Essa
imagem, bem como a próxima, falam de vidas vazias, inconstantes e mortas. Aqui,
nuvens sem água, levadas pelos ventos de
uma para outra parte, “são inúteis pois não trazem nenhuma chuva sobre a
terra, aparecem e logo se vão, na velocidade do vento que as impele”[5]. Tais
nuvens representam promessas falsas e temporárias de bênçãos.
Provérbios 25.14 diz: Como
nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba falsamente de
dádivas.
4º) Eles são decepcionantes como arvores
infrutíferas – v.12d
Assim
como a imagem anterior: ... nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para
outra parte; são como arvores murchas,
infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas. A ideia das árvores aqui é
que em plena estação dos frutos, no outono (NVI), estavam com folhagem vistosa,
mas sem frutos. Por isso eram arrancadas pela raiz, elas eram infrutíferas
embora tivessem suas folhas verdes e aparentassem estar vivas, Judas diz que
eram duas vezes mortas.
O
ponto de comparação é que nuvens sem água na estação das chuvas e árvores sem
frutos na estação dos frutos não cumprem o propósito pelo qual existem, assim
como aqueles falsos mestres com seus falsos ensinamentos.
5º) Eles são inconstantes como ondas num
mar revolto – v.13a
Judas
faz outra comparação dos falsos mestres usando um aspecto negativo da natureza
para mostrar o perigo que eles representam e o fim que lhes aguarda.
Aqui temos a sugestão das marés altas que são implacáveis e após muito barulho e reboliço só deixam espuma e refugo nas suas margens. As ondas impetuosas do mar se encarregam de regurgitar na praia toda a sujeira lançada nele e aquela que é própria do mar – escumam as suas mesmas abominações. Exemplo: sargaços, lama e infelizmente latas vazias, sacos plásticos, pedaços de isopor, vasilhames de refrigerantes, etc.
Aqui temos a sugestão das marés altas que são implacáveis e após muito barulho e reboliço só deixam espuma e refugo nas suas margens. As ondas impetuosas do mar se encarregam de regurgitar na praia toda a sujeira lançada nele e aquela que é própria do mar – escumam as suas mesmas abominações. Exemplo: sargaços, lama e infelizmente latas vazias, sacos plásticos, pedaços de isopor, vasilhames de refrigerantes, etc.
O profeta Isaías usa essa mesma figura para
descrever os ímpios: Mas os ímpios são como o mar bravo,
porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo. (Isaías 57.20)
Os
falsos mestres, à semelhança das ondas impetuosas do mar, escumam suas
imoralidades e falas doutrinas, trazendo perigo e contaminação para a igreja.[6]
6º) Eles são indignos de confiança como
estrelas errantes – v.13b.
Na
citação aqui a estrelas errantes, cremos que Judas está se referindo às
estrelas cadentes, aquelas que costumam riscar os céus de uma noite clara e
estrelada por um breve momento, desaparecendo em seguida, Quando uma dessas
estrelas risca o céu, refulge por segundos e depois se perde, em nossa visão
aqui da Terra, na escuridão do espaço.[7]
O
aspecto que Judas deseja destacar aqui nessa comparação das estrelas cadentes
com os falsos mestres é a brevidade de sua trajetória e o fim que lhes tem sido
guardado.
Concluindo
Augustus
Nicodemus, em seu comentário de Judas diz: “Que lição solene para nós! Embora
possam existir cristãos verdadeiros que estejam equivocados em pontos
doutrinários secundários, e estes, o próprio Judas recomenda que procuremos
resgatar, v.22 – abundam falsos profetas e falsos mestres, lobos devoradores,
dentro da própria Igreja de Deus. Estes devem ser tratados com todo o rigor.
São ímpios, destinados ao castigo eterno. Como rochas submersas, nuvens sem
água, árvores sem fruto, ondas bravias do mar e estrelas errantes, o destino
dele é a escuridão eterna”[8].
Pr. Walter Almeida Jr.
Limeira, SP – 13/10/13
[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento
no Novo Testamento, Hagnos, 2008, p. 586.
[2] Lopes, Augustus Nicodemos. Interpretando o NT, II e
III João e Judas, Editora Cultura Cristã, 2008, p. 126.
[3] Ibid., p.126.
[4] Ibid., p.128.
[5] Ibid., p.128.
[6] Ibid., p. 130.
[7] Ibid., p. 130.
[8] Ibid., p.131.
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