terça-feira, 6 de junho de 2017

Mensagens Bíblicas em Daniel – Daniel 2 - Daniel – uma vida de confiança

Daniel 2

Na primeira mensagem no livro de Daniel, no capítulo 1, falei sobre uma lição que nunca iriamos esquecer, e que a vida de Daniel foi uma vida em destaque. Vimos ainda:

ð Que tudo começou quando Deus escolheu um homem, Abraão, “e prometeu que por meio dele e de sua descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas”.
ð Que o livro inteiro é bastante prático – especialmente para crentes que se encontram solitários, mesmo estando entre colegas de escola, ou de trabalho, ou entre seus familiares e amigos.
ð Que o livro de Daniel “revela como podemos permanecer fiéis a Deus em um ambiente hostil. Mostra-nos como viver para Deus quando tudo está contra nós”.
ð Que é possível uma pessoa viver para Deus quando as circunstâncias lhe são totalmente contrárias. Espiritualidade e integridade de caráter não exigem condições ideais para se desenvolverem.
ð Que o segredo de Daniel foi uma vida de oração e leitura das Escrituras Sagradas.
ð Que assim como o último, o primeiro capítulo é breve! É uma narrativa simples e direta e nos ensina lições que não deveríamos esquecer nunca.
ð Que o capítulo 1 se divide em quatro partes: 1ª) A ida de Nabucodonosor a Jerusalémvv.1, 2; 2ª) A apresentação de Daniel e seus três companheiros – Hananias, Misael e Azariasvv.3-7; 3ª) A posição ocupada por Daniel e seus três companheirosvv.8-16; e 4ª) O resultado da ação corajosa e espiritual de Daniel e os trêsvv.17-21.

Estudar o livro de Daniel é uma experiência fascinante. Ele é um dos livros mais fantásticos da Bíblia. É histórico e também profético. Descreve o passado, discerne o presente e antecipa o futuro. É um manual singular acerca da soberania de Deus na história. Trata de temas relevantes como juventude corajosa, vida acadêmica, política externa, acordos internacionais, batalha espiritual e profecia. Aborda, outrossim, temas pessoais como santidade, oração, jejum e estudo da Palavra de Deus.[1]

O livro de Daniel é chamado de O Apocalipse do Antigo Testamento. Deus abriu as cortinas do futuro e revelou a Daniel os fatos que haveriam de suceder ao longo da história. A diferença entre livros históricos e proféticos é que estes contam a história antes dela acontecer, aqueles narram e interpretam o que já aconteceu.[2]

No capítulo 2a Babilônia é o império mundial da época. Nabucodonosor é o rei de reis e as glórias da Babilônia atingem seu apogeu. Mas, de repente, o rei tem um sonho que tira não apenas seu sono, mas também a paz de todos os sábios. Os privilégios dos sábios transformam-se em iminente ameaça.
Podemos sintetizar o capítulo em seis pontos básicos[3]:

1º) O sonho perturbador do rei (v.1) – O rei foi golpeado e encheu-se de ansiedade, insegurança e medo. A segurança de seu império estava ameaçada por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste mundo. Ficou inseguro, inquieto e perturbado. Seu sonho revelou a fragilidade dos poderosos.

2º) A impotência dos sábios (vv.10, 11) – A sabedoria dos sábios deste mundo tem limites. Quem eram esses sábios? (1) os magoseram possuidores de conhecimentos dos mistérios sagrados e das ciências ocultas; (2) os encantadoreseram astrólogos, ou seja, aqueles que se dedicavam a contemplar o céu e buscar sinais nas estrelas com o propósito de predizer o futuro; (3) os feiticeirosaqueles que usavam a magia, invocando o nome de espíritos malignos; e (4) os caldeus – uma casta sacerdotal de homens sábios.

A resposta desses sábios acerca da incapacidade deles era baseada em vários argumentos: () Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; () Era um assunto sem precedentes na história da humanidade; () O pedido do rei era extremamente difícil; e () A solução do problema era supra-humano.

3º) A prepotência dos poderosos (vv.5-8, 10-13) – Nabucodonosor revela sua prepotência até mesmo na hora da perturbação de espírito. Ele demonstrou isso de três maneiras: () exigindo dos homens o que eles não poderiam oferecer (vv.5, 10, 11); () oferecendo vantagens financeiras e promoções (v.6); e () determinando o extermínio dos sábios para satisfazer um capricho pessoal (vv.5, 8, 9, 12, 13).

4º) A intervenção de Daniel (vv.14-18) – Daniel toma três atitudes importantes na solução daquele intrincado problema: () ele vai ao rei e pede tempo (v.14-16); (2ª) Daniel vai aos amigos e pede oração (v.17); e () Daniel vai a Deus e pede misericórdia (v.18).

5º) A gratidão de Daniel (vv.19-23) – Daniel adora a Deus por quatro motivos especiais: () ele adora a Deus, porque Ele conjuga poder e sabedoria (v.20). Sabedoria é a capacidade de tomar a decisão certa, e poder, a capacidade de torná-la efetiva; () Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor do tempo (v.21); () Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor da história (v.21); e () Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor dos mistérios (v.22).

6º) A interpretação de Daniel (vv.25-45) – Na interpretação do sonho de Nabucodonosor, Daniel exalta a Deus, não a si mesmo (vv.27, 28, 30). Ele não chama a atenção para si como fez Arioque (v.25). Ele acentua o contraste entre a impotência humana e a onipotência divina. Ele destaca a supremacia do Deus vivo sobre as divindades da Babilônia. Daniel também revela que o sonho do rei é profético e não histórico (vv.28, 29). O sonho do rei diz respeito ao plano de Deus na história da humanidade.

Daniel descreve o sonho da estátua como um contraste entre os reinos do mundo e o Reino de Cristo (vv.31-36). A estátua visualizada em sonho por Nabucodonosor revela seis coisas:

(1ª) ele fala acerca da cabeça de ouro (vv.32, 36-38b). Nabucodonosor foi chamado de rei de reis (v.37). Ele era a cabeça de ouro. Ele representava o império. Sua palavra era lei. Ele governou durante 41 anos. Transformou a Babilônia no maior império e na maior cidade do mundo. Alargou as fronteiras de seu domínio. Mas, a riqueza e o poder da Babilônia foram dados por Deus (vv.37, 38). A Babilônia deu ao mundo a organização da Legislação (Código de Hamurabi).

(2ª) Daniel interpreta o peito e os braços de prata (vv.32, 39). O peito e os braços de prata simbolizam o império medo-persa. Como a figura já indica, os dois braços ligados pelo peito representam um império que seria formado pela união de dois povos: os medos e os persas. Nesse reino, o rei não estava acima da lei, mas sob ela. A lei era maior que o rei. O rei tinha menos autoridade. O império medo-persa deu ao mundo o aperfeiçoamento do Sistema Tributário.

(3ª) Daniel fala sobre o ventre e os quadris de bronze (vv.32, 39), que representam o império grego estabelecido por Alexandre Magno, em 333 a.C. Alexandre Magno dominou o mundo inteiro, mas esse reino desintegrou-se com sua morte. O império grego deu ao mundo a Cultura, a língua e os jogos olímpicos.

(4ª) Daniel interpreta o significado das pernas de ferro e dos pés de ferro e barro (vv.33, 40-43). Esse é o império mais detalhado. Cabe-lhe mais importância que os outros. Trata-se do império romano. Era o mais forte dos quatro. Mas, internamente, seu valor era inferior aos seus predecessores, como o ferro é inferior aos outros metais. Ao mesmo tempo, o império romano era forte como o ferro (exército, leis e organização política), mas débil como o barro (baixo nível moral). O império romano deu ao mundo o aperfeiçoamento da Legislação (o Direito Romano).

(5ª) Daniel explica a respeito da pedra que esmiúça a estátua (vv.34, 35, 44, 45). Qual é o significado da pedra? Ela representa o Reino de Cristo que vem, e destrói todos os outros reinos e enche toda a terra. O Reino de Cristo já veio em Cristo. Ele está entre nós e dentro de nós. Mas, na segunda vinda de Cristo, os reinos deste mundo serão destruídos, e o Reino de Cristo será estabelecido totalmente. Então, todo joelho se dobrará. Cristo colocará todos Seus inimigos debaixo de Seus pés.

(6ª) Daniel revela, finalmente, a supremacia do Reino de Cristo sobre os reinos do mundo (vv.44, 45). Os reinos do mundo, ao mesmo tempo em que são fortes como o ferro, são vulneráveis como o barro. O Reino de Cristo, entretanto, é indestrutível (v.44a), eterno (v.44b) e vitorioso (v.44c).

Concluindo

Neste capítulo Daniel viu três coisas: 1ª) Ele viu quem Deus é; 2ª) Ele viu o sonho e a sua interpretação; e 3ª) Ele viu o imperador se curvar diante de Deus.

Daniel confia em Deus: 1º) Porque a Palavra de Deus é verdadeira; 2º) Porque a história está nas mãos de Deus; e 3º) Porque o reino de Deus (Cristo) triunfará.


[1] Lopes, Hernandes Dias. Comentário Expositivo de Daniel – Daniel – um homem amado no céu. Editora Hagnos, p. 17.
[2] Ibid., p. 18.
[3] Ibid., capítulo 2. Faço, aqui, um esboço homilético do comentário do capítulo 2 do livro.

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