Daniel 2
Na
primeira mensagem no livro de Daniel, no
capítulo 1, falei sobre uma lição que
nunca iriamos esquecer, e que a vida de Daniel foi uma vida em destaque. Vimos ainda:
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Que tudo começou
quando Deus escolheu um homem, Abraão, “e prometeu que por meio dele e de sua
descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas”.
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Que o livro
inteiro é bastante prático – especialmente
para crentes que se encontram solitários, mesmo estando entre colegas de
escola, ou de trabalho, ou entre seus familiares e amigos.
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Que o livro de
Daniel “revela como podemos permanecer
fiéis a Deus em um ambiente hostil. Mostra-nos como viver para Deus quando tudo
está contra nós”.
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Que é possível
uma pessoa viver para Deus quando as circunstâncias lhe são totalmente
contrárias. Espiritualidade e integridade
de caráter não exigem condições ideais para se desenvolverem.
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Que o segredo de
Daniel foi uma vida de oração e leitura
das Escrituras Sagradas.
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Que assim como o
último, o primeiro capítulo é breve! É
uma narrativa simples e direta e nos ensina lições que não deveríamos esquecer nunca.
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Que o capítulo 1 se divide em quatro partes: 1ª) A
ida de Nabucodonosor a Jerusalém – vv.1,
2; 2ª) A apresentação de Daniel e seus três companheiros – Hananias, Misael e
Azarias – vv.3-7; 3ª) A
posição ocupada por Daniel e seus três companheiros – vv.8-16; e 4ª) O resultado da ação corajosa e espiritual de
Daniel e os três – vv.17-21.
Estudar
o livro de Daniel é uma experiência fascinante. Ele é um dos livros mais
fantásticos da Bíblia. É histórico e também profético. Descreve o passado, discerne o presente e antecipa o futuro. É um
manual singular acerca da soberania de Deus na história. Trata de temas
relevantes como juventude corajosa, vida
acadêmica, política externa, acordos internacionais, batalha espiritual e
profecia. Aborda, outrossim, temas pessoais como santidade, oração, jejum e estudo da Palavra de Deus.[1]
O
livro de Daniel é chamado de O Apocalipse do Antigo Testamento. Deus abriu as
cortinas do futuro e revelou a Daniel os fatos que haveriam de suceder ao longo
da história. A diferença entre livros históricos e proféticos é que estes
contam a história antes dela acontecer, aqueles narram e interpretam o que já
aconteceu.[2]
No capítulo 2 – a Babilônia é
o império mundial da época. Nabucodonosor é o rei de reis e as glórias da
Babilônia atingem seu apogeu. Mas, de repente, o rei tem um sonho que tira não
apenas seu sono, mas também a paz de todos os sábios. Os privilégios dos sábios
transformam-se em iminente ameaça.
Podemos
sintetizar o capítulo em seis pontos
básicos[3]:
1º) O sonho
perturbador do rei (v.1) – O rei foi golpeado e encheu-se
de ansiedade, insegurança e medo. A segurança de seu império estava ameaçada
por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste mundo. Ficou
inseguro, inquieto e perturbado. Seu sonho revelou a fragilidade dos poderosos.
2º) A
impotência dos sábios (vv.10, 11) – A sabedoria dos sábios
deste mundo tem limites. Quem eram esses sábios? (1) os magos – eram possuidores de conhecimentos dos
mistérios sagrados e das ciências ocultas; (2) os encantadores – eram astrólogos, ou seja, aqueles que se
dedicavam a contemplar o céu e buscar sinais nas estrelas com o propósito de
predizer o futuro; (3) os feiticeiros – aqueles que usavam a magia, invocando o nome de espíritos malignos;
e (4) os caldeus – uma casta sacerdotal de homens sábios.
A resposta desses sábios acerca da
incapacidade deles era baseada em vários argumentos: (1º) Não há mortal sobre a terra que possa
revelar o que o rei exige; (2º) Era um assunto sem precedentes na história
da humanidade; (3º) O pedido do rei era extremamente difícil;
e (4º) A solução do problema era supra-humano.
3º) A
prepotência dos poderosos (vv.5-8, 10-13) – Nabucodonosor revela
sua prepotência até mesmo na hora da perturbação de espírito. Ele demonstrou
isso de três maneiras: (1ª) exigindo dos homens o que eles não poderiam
oferecer (vv.5, 10, 11); (2ª) oferecendo
vantagens financeiras e promoções (v.6);
e (3ª) determinando o extermínio dos sábios para satisfazer um capricho
pessoal (vv.5, 8, 9, 12, 13).
4º) A intervenção de Daniel (vv.14-18)
– Daniel toma três atitudes importantes na solução daquele intrincado problema:
(1ª) ele vai ao rei e pede tempo (v.14-16);
(2ª) Daniel vai aos amigos e pede oração
(v.17); e (3ª) Daniel vai a Deus e pede
misericórdia (v.18).
5º) A
gratidão de Daniel (vv.19-23) – Daniel adora a Deus por
quatro motivos especiais: (1º) ele adora a Deus, porque Ele conjuga poder e
sabedoria (v.20). Sabedoria é a
capacidade de tomar a decisão certa, e poder, a capacidade de torná-la efetiva;
(2º) Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor do tempo (v.21); (3º) Daniel adora a Deus
porque Ele é o Senhor da história (v.21);
e (4º) Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor dos mistérios (v.22).
6º) A interpretação de Daniel (vv.25-45)
– Na interpretação do sonho de Nabucodonosor, Daniel exalta a Deus, não a si
mesmo (vv.27, 28, 30). Ele não chama
a atenção para si como fez Arioque (v.25).
Ele acentua o contraste entre a impotência humana e a onipotência divina. Ele
destaca a supremacia do Deus vivo sobre as divindades da Babilônia. Daniel
também revela que o sonho do rei é profético e não histórico (vv.28, 29). O sonho do rei diz respeito
ao plano de Deus na história da humanidade.
Daniel
descreve o sonho da estátua como um contraste entre os reinos do mundo e o
Reino de Cristo (vv.31-36). A
estátua visualizada em sonho por Nabucodonosor revela seis coisas:
(1ª) ele fala acerca da cabeça de ouro (vv.32, 36-38b).
Nabucodonosor foi chamado de rei de reis (v.37).
Ele era a cabeça de ouro. Ele representava o império. Sua palavra era lei. Ele
governou durante 41 anos. Transformou a Babilônia no maior império e na maior
cidade do mundo. Alargou as fronteiras de seu domínio. Mas, a riqueza e o poder
da Babilônia foram dados por Deus (vv.37,
38). A Babilônia deu ao mundo a
organização da Legislação (Código
de Hamurabi).
(2ª) Daniel interpreta o peito e os
braços de prata (vv.32, 39). O
peito e os braços de prata simbolizam o império medo-persa. Como a figura já
indica, os dois braços ligados pelo peito representam um império que seria
formado pela união de dois povos: os
medos e os persas. Nesse reino, o rei não estava acima da lei, mas sob ela.
A lei era maior que o rei. O rei tinha menos autoridade. O império medo-persa deu ao mundo o aperfeiçoamento do Sistema Tributário.
(3ª) Daniel fala sobre o ventre e os
quadris de bronze (vv.32, 39), que representam o império
grego estabelecido por Alexandre Magno, em 333 a.C. Alexandre Magno dominou o
mundo inteiro, mas esse reino desintegrou-se com sua morte. O império grego deu ao mundo a Cultura, a língua e os jogos olímpicos.
(4ª) Daniel interpreta o significado das
pernas de ferro e dos pés de ferro e barro (vv.33, 40-43). Esse é o
império mais detalhado. Cabe-lhe mais importância que os outros. Trata-se do
império romano. Era o mais forte dos quatro. Mas, internamente, seu valor era
inferior aos seus predecessores, como o ferro é inferior aos outros metais. Ao
mesmo tempo, o império romano era forte como o ferro (exército, leis e organização política), mas débil como o barro (baixo nível moral). O império romano deu ao mundo o aperfeiçoamento da Legislação (o Direito
Romano).
(5ª) Daniel explica a respeito da
pedra que esmiúça a estátua (vv.34,
35, 44, 45). Qual é o significado da pedra? Ela representa o Reino de
Cristo que vem, e destrói todos os outros reinos e enche toda a terra. O Reino
de Cristo já veio em Cristo. Ele está entre nós e dentro de nós. Mas, na
segunda vinda de Cristo, os reinos deste mundo serão destruídos, e o Reino de
Cristo será estabelecido totalmente. Então, todo joelho se dobrará. Cristo
colocará todos Seus inimigos debaixo de Seus pés.
(6ª) Daniel revela, finalmente, a
supremacia do Reino de Cristo sobre os reinos do mundo (vv.44, 45).
Os reinos do mundo, ao mesmo tempo em que são fortes como o ferro, são
vulneráveis como o barro. O Reino de Cristo, entretanto, é indestrutível (v.44a),
eterno (v.44b) e vitorioso (v.44c).
Concluindo
Neste
capítulo Daniel viu três coisas: 1ª)
Ele viu quem Deus é; 2ª) Ele
viu o sonho e a sua interpretação; e 3ª)
Ele viu o imperador se curvar diante de
Deus.
Daniel
confia em Deus: 1º) Porque a Palavra de Deus é verdadeira; 2º) Porque
a história está nas mãos de Deus; e 3º)
Porque o reino de Deus (Cristo)
triunfará.
[1] Lopes, Hernandes Dias. Comentário Expositivo de Daniel
– Daniel – um homem amado no céu. Editora Hagnos, p. 17.
[2] Ibid., p. 18.
[3] Ibid., capítulo 2. Faço, aqui, um esboço homilético do
comentário do capítulo 2 do livro.
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