Oseias 5.1-15
Em
nosso estudo anterior vimos:
Que os capítulos 4 a 14 contém as profecias de
Oseias. Suas mensagens à geração de sua época se originaram em sua própria
dolorosa experiência familiar. Elas fluem juntamente e uma divisão definida, em
seções lógicas, não é fácil de traçar.
Estudamos o capítulo 4 com o tema: Depravação Total. Abordamos o assunto em três pontos: 1º)
Degradação moral – vv.1-3; 2º)
Apostasia religiosa – vv.4-17; e 3º) Corrupção política – vv.18, 19.
Terminamos com a
resposta de Deus a atitude do seu povo no v.6,
onde Ele falou duas coisas: 1ª) ... porque tu
rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas
sacerdote diante de mim – v.6b. Ele tiraria
a primazia que eles tinham diante dos outros povos, que era o seu ministério
sacerdotal; e 2ª) ... e, visto que te esqueceste da lei do teu
Deus, também eu me esquecerei de teus filhos – v.6c. Ele
esqueceria seus filhos, ou seja, que o povo como tal deixaria de usufruir da
presença imediata do Senhor.
O
capítulo 5 do livro de Oseias é uma
mensagem dura aos sacerdotes, ao povo e à casa do rei. A consciência de Israel
se entorpeceu, sua visão se escureceu, seu testemunho acabou, e seu concerto
com Deus se rompeu.[1]
Wiersbe
diz que a passagem é um resumo final das sentenças que Deus, o Juiz, aplicou a
todos os acusados. Condenou os líderes por enredarem pessoas inocentes e explorá-las.
Não havia justiça na terra. Estavam afundando cada vez mais em pecado e não
tinham o poder de se arrepender e de voltar para Deus, pois seus pecados os
paralisavam.[2]
A
causa disso era sua falta de conhecimento do Senhor (v.4; cf. 6.3) e sua
arrogância, que só os fazia tropeçar e cair (v.5; cf. Pv 16.18).
Mesmo que chegassem até o Senhor com rebanhos inteiros para sacrificar, Deus não
iria ao encontro deles, pois havia se afastado de seu povo. Rejeitou seus filhos
ilegítimos, e suas festas mensais logo se tornariam funerais.[3]
Hoje,
vamos estudar o capítulo 5 com o
tema: Uma dura mensagem de
Deus – juízo, disciplina e restauração. Trataremos o assunto em
dois pontos: 1º) O juízo de Deus contra a apostasia e imoralidade do
seu povo – vv.1-7; e 2º) A disciplina
radical de Deus com o propósito de restaurar o seu povo – vv.8-15.
I. O juízo de Deus contra a apostasia e
imoralidade do seu povo – vv.1-7
O
juízo de Deus é anunciado aos sacerdotes, aos príncipes e ao povo, ou seja, o
juízo é anunciado à liderança religiosa, política e ao povo que os seguia (v.1). Portanto, este é um solene, geral
e urgente chamado de Deus aos líderes e ao povo.[4]
1º) O juízo de Deus para a liderança
religiosa – v.1a. Os sacerdotes
corromperam seu ofício sagrado. A função deles era ensinar ao povo a verdade de
Deus, ou seja, todos os estatutos que o Senhor lhes havia falado por intermédio
de Moisés (cf. Lv 10.11). Os
sacerdotes eram mensageiros do Senhor dos Exércitos, que deviam guardar o
conhecimento para instruir o povo, mas esses sacerdotes desviaram-se do caminho
e fizeram tropeçar o povo (cf. Ml 2.7, 8).
2º) O juízo de Deus para a liderança
política – v.1c. Os reis
precisavam governar promovendo a verdade e a justiça, mas eles patrocinaram
tanto a heresia quanto a violência. Naquela época a realeza atuava como
patrocinadora dos santuários e protetora do sacerdócio (cf. Am 7.13). Porém, em
vez de proteger o povo, os governantes oprimiam-no e em vez de governar para o
povo, governavam em benefício próprio. Tornaram-se agentes do erro religioso,
da decadência moral e da injustiça social.
3º) O juízo de Deus para o povo
– v.1b. Embora a liderança religiosa
e política da nação capitaneasse essa corrida para longe de Deus, o povo
tornou-se culpado por seguir essa liderança apóstata. O povo seguiu seus maus
exemplos (v.2). Voluntariamente se
corrompeu, entregando-se às práticas de idolatria e imoralidade.
Hernandes
destaca sete pontos importantes para reflexão nos vv.1-7:
1º) Quando a liderança se afasta de
Deus, torna-se um perigo para os seus liderados, em vez de bênção – v.1; 2º) Quando a liderança abandona
a verdade, ela se corrompe moralmente – v.2; 3º) Quando a liderança entra pelo caminho da
apostasia, ela perde o conhecimento de Deus – vv.3, 4; 4º) Quando a liderança perde o conhecimento de
Deus, ela se torna prisioneira dos maus hábitos – v.4; 5º) Quando o povo despreza o conhecimento de
Deus, orgulha-se do pecado em vez de chorar por ele – v.5; 6º) Quando o povo abandona a verdade de Deus,
ele substitui a piedade pela religiosidade – v.6; 7º) Quando o povo se afasta de Deus, ele é
destruído pelo próprio sincretismo religioso – v.7.
II. A disciplina radical de Deus com o propósito de
restaurar o seu povo – vv.8-15
Wiersbe
diz que estava chegando o dia do juízo, quando as cidades de Israel seriam
conquistadas pelo exército invasor dos assírios e os cidadãos seriam levados
para o cativeiro (v.9). A decomposição
interior de Israel era como a destruição oculta e lenta causada pela traça (v.12), mas a vinda dos assírios era como
o ataque súbito e evidente de um leão (v.14).
Os dois eram inevitáveis e ambos trariam ruina.[5]
Israel
e Judá eram nações fracas e doentes (cf. Is
1.5, 6; Jr 30.12, 13), mas em vez de se voltarem para o Senhor em busca da
cura, as duas pediram socorro ao rei da Assíria (v.13). Precisavam de oração e de verdadeiro arrependimento, mas em
vez disso, confiavam na política e em tratados inúteis. Ao Senhor só restava
afastar-se e esperar que o buscassem em verdade e humildade.[6]
Os
juízos que cairão sobre Israel e Judá não são acidentes da história; não
procedem da agenda dos poderosos impérios. É o próprio Deus quem levanta a
Assíria e a Babilônia para disciplinar o seu povo. É o próprio Deus quem
entrega o seu povo a essas nações impetuosas. Deus é o agente tanto da
disciplina quanto da restauração.[7]
Hernandes
destaca seis pontos importantes para reflexão nos vv.8-15:
1º) A disciplina de Deus será
imediata e irremediável – v.8; 2º) A
disciplina de Deus trará profunda desolação para aqueles que viveram
deliberadamente no pecado – vv.9, 11;
3º) A disciplina de Deus é inevitável sobre aqueles que praticam a
desonestidade – v.10; 4º) A
disciplina de Deus atinge o seu povo tanto interna quanto externamente – vv.12, 14; 5º) Aqueles que não se
submetem à disciplina de Deus acabam buscando ajuda naqueles que vão oprimi-los
– v.13; 6º) A disciplina de Deus tem
como propósito a restauração, e não a destruição do seu povo – v.15.
Concluindo
Deus
disciplina aqueles a quem ama. O propósito divino não é a destruição do seu
povo, e sim a sua restauração. A disciplina é amarga, mas traz cura. Ela é dolorosa,
mas restaura. David Hubbard ainda acrescenta: O juízo, por mais severo que
seja, não pretende aniquilar os dois reinos, mas conduzi-los ao arrependimento,
conforme indica com clareza a expressão até
que, do v.15.[8]
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 06/08/16
[1] Lopes, Hernandes Dias. Oséias – O amor de Deus em
ação, Editora Hagnos, p. 99, 100.
[2] Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do
Antigo Testamento V. 4 – Proféticos – Oséias, Ed. Geográfica, p. 398.
[3] Wiersbe, p. 398.
[4] Lopes, p. 100-107. Esse ponto segue literalmente o
comentário do livro nas páginas já citadas, com cortes e acréscimos necessários
ao ensino local.
[5] Wiersbe, p. 398, 399.
[6] Wiersbe, p. 399.
[7] Lopes, p. 107-113. Esse ponto segue literalmente o
comentário do livro nas páginas já citadas, com cortes e acréscimos necessários
ao ensino local.
[8] Lopes, p. 113.
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