domingo, 7 de agosto de 2016

Estudos no livro do Profeta Oseias (5) - Uma dura mensagem de Deus – juízo, disciplina e restauração.

Oseias 5.1-15

Em nosso estudo anterior vimos:

Que os capítulos 4 a 14 contém as profecias de Oseias. Suas mensagens à geração de sua época se originaram em sua própria dolorosa experiência familiar. Elas fluem juntamente e uma divisão definida, em seções lógicas, não é fácil de traçar.

Estudamos o capítulo 4 com o tema: Depravação Total. Abordamos o assunto em três pontos: 1º) Degradação moral – vv.1-3; 2º) Apostasia religiosa – vv.4-17; e 3º) Corrupção política – vv.18, 19.

Terminamos com a resposta de Deus a atitude do seu povo no v.6, onde Ele falou duas coisas:  1ª) ... porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim – v.6b. Ele tiraria a primazia que eles tinham diante dos outros povos, que era o seu ministério sacerdotal; e 2ª) ... e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos – v.6c. Ele esqueceria seus filhos, ou seja, que o povo como tal deixaria de usufruir da presença imediata do Senhor.

O capítulo 5 do livro de Oseias é uma mensagem dura aos sacerdotes, ao povo e à casa do rei. A consciência de Israel se entorpeceu, sua visão se escureceu, seu testemunho acabou, e seu concerto com Deus se rompeu.[1]

Wiersbe diz que a passagem é um resumo final das sentenças que Deus, o Juiz, aplicou a todos os acusados. Condenou os líderes por enredarem pessoas inocentes e explorá-las. Não havia justiça na terra. Estavam afundando cada vez mais em pecado e não tinham o poder de se arrepender e de voltar para Deus, pois seus pecados os paralisavam.[2]

A causa disso era sua falta de conhecimento do Senhor (v.4; cf. 6.3) e sua arrogância, que só os fazia tropeçar e cair (v.5; cf. Pv 16.18). Mesmo que chegassem até o Senhor com rebanhos inteiros para sacrificar, Deus não iria ao encontro deles, pois havia se afastado de seu povo. Rejeitou seus filhos ilegítimos, e suas festas mensais logo se tornariam funerais.[3]

Hoje, vamos estudar o capítulo 5 com o tema: Uma dura mensagem de Deus – juízo, disciplina e restauração. Trataremos o assunto em dois pontos: 1º) O juízo de Deus contra a apostasia e imoralidade do seu povo – vv.1-7; e 2º) A disciplina radical de Deus com o propósito de restaurar o seu povo – vv.8-15.

I. O juízo de Deus contra a apostasia e imoralidade do seu povo – vv.1-7

O juízo de Deus é anunciado aos sacerdotes, aos príncipes e ao povo, ou seja, o juízo é anunciado à liderança religiosa, política e ao povo que os seguia (v.1). Portanto, este é um solene, geral e urgente chamado de Deus aos líderes e ao povo.[4]

1º) O juízo de Deus para a liderança religiosav.1a. Os sacerdotes corromperam seu ofício sagrado. A função deles era ensinar ao povo a verdade de Deus, ou seja, todos os estatutos que o Senhor lhes havia falado por intermédio de Moisés (cf. Lv 10.11). Os sacerdotes eram mensageiros do Senhor dos Exércitos, que deviam guardar o conhecimento para instruir o povo, mas esses sacerdotes desviaram-se do caminho e fizeram tropeçar o povo (cf. Ml 2.7, 8).

2º) O juízo de Deus para a liderança políticav.1c. Os reis precisavam governar promovendo a verdade e a justiça, mas eles patrocinaram tanto a heresia quanto a violência. Naquela época a realeza atuava como patrocinadora dos santuários e protetora do sacerdócio (cf. Am 7.13). Porém, em vez de proteger o povo, os governantes oprimiam-no e em vez de governar para o povo, governavam em benefício próprio. Tornaram­-se agentes do erro religioso, da decadência moral e da injustiça social.

3º) O juízo de Deus para o povov.1b. Embora a liderança religiosa e política da nação capitaneasse essa corrida para longe de Deus, o povo tornou-se culpado por seguir essa liderança apóstata. O povo seguiu seus maus exemplos (v.2). Voluntariamente se corrompeu, entregando-se às práticas de idolatria e imoralidade.

Hernandes destaca sete pontos importantes para reflexão nos vv.1-7:

1º) Quando a liderança se afasta de Deus, torna-se um perigo para os seus liderados, em vez de bênçãov.1; 2º) Quando a liderança abandona a ver­dade, ela se corrompe moralmente v.2; 3º) Quando a liderança entra pelo caminho da apostasia, ela perde o conhecimento de Deusvv.3, 4; 4º) Quando a liderança perde o conhecimento de Deus, ela se torna prisioneira dos maus hábitosv.4; 5º) Quando o povo despreza o conhecimento de Deus, orgulha-se do pecado em vez de chorar por elev.5; 6º) Quando o povo abandona a verdade de Deus, ele substitui a piedade pela religiosidadev.6; 7º) Quando o povo se afasta de Deus, ele é destruído pelo próprio sincretismo religiosov.7.

II. A disciplina radical de Deus com o propósito de restaurar o seu povo – vv.8-15

Wiersbe diz que estava chegando o dia do juízo, quando as cidades de Israel seriam conquistadas pelo exército invasor dos assírios e os cidadãos seriam levados para o cativeiro (v.9). A decomposição interior de Israel era como a destruição oculta e lenta causada pela traça (v.12), mas a vinda dos assírios era como o ataque súbito e evidente de um leão (v.14). Os dois eram inevitáveis e ambos trariam ruina.[5]

Israel e Judá eram nações fracas e doentes (cf. Is 1.5, 6; Jr 30.12, 13), mas em vez de se voltarem para o Senhor em busca da cura, as duas pediram socorro ao rei da Assíria (v.13). Precisavam de oração e de verdadeiro arrependimento, mas em vez disso, confiavam na política e em tratados inúteis. Ao Senhor só restava afastar-se e esperar que o buscassem em verdade e humildade.[6]

Os juízos que cairão sobre Israel e Judá não são acidentes da história; não procedem da agenda dos poderosos impérios. É o próprio Deus quem levanta a Assíria e a Babilônia para disciplinar o seu povo. É o próprio Deus quem entrega o seu povo a essas nações impetuosas. Deus é o agente tanto da disciplina quanto da restauração.[7]

Hernandes destaca seis pontos importantes para reflexão nos vv.8-15:

1º) A disciplina de Deus será imediata e irremediávelv.8; 2º) A disciplina de Deus trará profunda desolação para aqueles que viveram deliberadamente no pecadovv.9, 11; 3º) A disciplina de Deus é inevitável sobre aqueles que praticam a desonestidadev.10; 4º) A disciplina de Deus atinge o seu povo tanto interna quanto externamentevv.12, 14; 5º) Aqueles que não se submetem à disciplina de Deus acabam buscando ajuda naqueles que vão oprimi-losv.13; 6º) A disciplina de Deus tem como propósito a restauração, e não a destruição do seu povov.15.

Concluindo

Deus disciplina aqueles a quem ama. O propósito divino não é a destruição do seu povo, e sim a sua restauração. A disciplina é amarga, mas traz cura. Ela é dolorosa, mas restaura. David Hubbard ainda acrescenta: O juízo, por mais severo que seja, não pretende aniquilar os dois reinos, mas conduzi-los ao arrependimento, conforme indica com clareza a expressão até que, do v.15.[8]


Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 06/08/16



[1] Lopes, Hernandes Dias. Oséias – O amor de Deus em ação, Editora Hagnos, p. 99, 100.
[2] Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento V. 4 – Proféticos – Oséias, Ed. Geográfica, p. 398.
[3] Wiersbe, p. 398.
[4] Lopes, p. 100-107. Esse ponto segue literalmente o comentário do livro nas páginas já citadas, com cortes e acréscimos necessários ao ensino local.
[5] Wiersbe, p. 398, 399.
[6] Wiersbe, p. 399.
[7] Lopes, p. 107-113. Esse ponto segue literalmente o comentário do livro nas páginas já citadas, com cortes e acréscimos necessários ao ensino local.
[8] Lopes, p. 113.

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