II. O repouso (descanso) prometido –
4.1-16
Continuando
a exortação sobre a possibilidade da apostasia aos seus leitores originais, o
autor, chama a atenção para o fato de que, embora deixada a
promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. (v.1) Ele
quer dizer, também, creio: cuidado pois a
promessa de Deus não vai cair por terra se você nunca creu ou se deixou de crer
nela.
Ele
insiste em que é necessário crer nas boas novas para desfrutar da promessa de
entrar no descanso de Deus, pois o que levou muitos dos israelitas a não
desfrutarem da terra prometida foi não crer na Palavra Deus – v.2 (Rm 10.17).
Aprendemos
três lições aqui no v.2: 1ª) A
Palavra de Deus é pregada para que nos beneficiemos dela (2Tm 3.16, 17; 1Ts 2.13; 1Pe 1.23); 2ª) Muitos
dos que ouvem a Palavra de Deus não aproveitam o que ouvem (Tg 1.22; Mt 7.24-27; 2Tm 3.1-9); 3ª) A incredulidade na Palavra de Deus
é a causa do não aproveitamento da promessa (v.2b; Rm 11.20-24).
Nos vv.3-16 temos três lições sobre o repouso
(descanso) prometido:
1ª) Para entrar no repouso prometido por
Deus é preciso crer na Palavra de Deus – vv.3-11.
Na
Palavra de Deus temos o que chamamos de “tipos, ou seja, modelos ou figuras das
realidades espirituais. Um tipo representa uma realidade espiritual, mas não é
essa realidade”[1].
O autor para falar do repouso eterno – o céu, na presença de Deus, que gozarão
aqueles que se convertem a Cristo, usa desse artificio.
Ele
usa o sétimo dia após a criação (v.4),
o dia de descanso (shabbat) (v.4), a
terra prometida – Canãa (v.6-9), a
paz de Deus no coração e na consciência que todo crente experimenta quando se
converte a Cristo (v.3a; Rm 5.1; Fp 4.7;
Cl 3.15), para falar do céu – o repouso seguro daqueles que são salvos por
Jesus (vv.9-11; 1Pe 5.10; Ap 14.12, 13).
Esse
é o repouso que Deus dá, por isso é chamado de meu repouso no Sl 95.11, usado pelo autor aqui. “Para
os cristãos, o repouso de Deus inclui a sua paz, a certeza da salvação, a
confiança no seu poder e a garantia de um lar celestial no futuro”[2] (cf. Mt 11.28-30).
Creio
que “é hora de pensarmos mais no céu. Às vezes conseguimos vislumbres da Cidade
Celestial enquanto caminhamos em nossa jornada até lá. Ainda não chegamos lá. Mas
se continuarmos andando, se continuarmos em frente, chegaremos lá! Nada nos
deixará de fora exceto a descrença, isto é, a resistência à Palavra de Deus que
pode nos levar a desistir de Cristo em algum momento”[3] (v.11).
2ª) A Palavra de Deus é que fortalece a
nossa fé para permanecermos no repouso de Deus – vv.12-13.
Para
o autor é necessário ao cristão expor-se à Palavra de Deus, pois ela mostra
como realmente somos em nosso interior mais profundo. Ela trata de nossos
pensamentos e até mesmo de nossas intenções – v.12, 13. Temos aqui cinco qualidades da Palavra: 1ª) Ela é divina – sua origem é o
próprio Deus; 2ª) Ela é fonte de vida – possui vida em si mesma e produz vida onde é
lida, pregada e ensinada; 3ª) Ela é
eficaz – produtiva e eficiente naquilo
a que se propõe; 4ª) Ela é penetrante e cortante – nada
resiste ao seu poder de penetração, pois consegue atingir o mais profundo do
ser humano. Até aquilo que parece ser inseparável, coisas parecidas e
aparentemente confusas – alma e espirito, juntas e medulas; 5ª) Ela é discernente e reveladora – tem o poder de chegar
nos aspectos mais profundos e íntimos da personalidade humana e distinguir e
julgar seus pensamentos e convicções mais secretos. Ela expõe o interior
revelando ao homem tudo aquilo que está em seu coração. (cf. 1Co 10.4, 5)
Essa
é a particular Palavra de Deus que o autor de Hebreus quer que os seus leitores
ouçam. O que está dito nos vv.12, 13
pode se aplicar tanto à Palavra de Deus pregada como à Palavra de Deus escrita.
Por isso, quando confrontados pela Palavra de Deus somos confrontados pelo
próprio Deus[4],
porque não há criatura que não
seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão
descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.
3ª) O repouso de Deus é garantido para aqueles
que tem o grande sumo sacerdote, Jesus Cristo, o Filho de Deus, como seu
Salvador e Senhor – vv.14-16.
A
exaltação de Jesus e sua entrada no céu são a base para o chamado à que retenhamos firmemente a nossa confissão (v.14b). A
sua experiência humana o qualifica para ser compassivo e misericordioso para
com aqueles que se achegam com confiança ao trono da
graça (v.15, 16a).[5]
O
ensino sobre o sumo sacerdócio de Jesus Cristo que começa aqui, tem como
objetivo fundamental “encorajar a perseverança contra o pecado e a
incredulidade. Somos encorajados a nos apegar a todos os recursos espirituais
disponíveis a nós em Cristo”[6].
Aqui,
também, temos três lições importantes para aprender: 1ª) Jesus, o Filho de Deus,
está no céu diante de Deus como nosso sumo sacerdote – v.14. Ele está lá por nós e nos levará para lá
também, por isso apeguemo-nos com toda a
firmeza à fé que professamos – v.14c (NVI); Hb 7.24-26; Jo 14.3; 17.24; 2ª) Jesus é o
nosso sumo sacerdote compassivo e misericordioso – v.15. Ele está acessível. Ele é poderoso e
perfeitamente qualificado para nos ajudar, pois já esteve exatamente onde
estamos, contudo, jamais se contaminou por nenhuma espécie de pecado[7]; 3ª) Jesus tornou acessível nosso acesso ao
trona da graça – v.16. No seu trono
há graça e força sobrenatural na hora da necessidade. Em Cristo há perdão,
acolhimento, compaixão e ajuda. A misericórdia e a graça estão disponíveis
para nós no Seu trono. Assim, o nosso repouso eterno está garantido pelo grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que
penetrou nos céus. (v.14b)
Concluindo – Nesse estudo vimos o segredo da perseverança: “O
velho caminho de amar a Bíblia e vir ao Senhor Jesus em oração. Não há
necessidade de procurar segredos ou coisas espetaculares, pois isso não existe.
Temos que continuar sempre vindo a Cristo por meio de sua Palavra e em oração,
publicamente, em particular, como casais, como família, como irmãos. Ninguém
que está próximo de Cristo pode falhar em ir ao lugar onde ele está – no céu!”[8]
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