João 16.1-14
Em
nosso estudo anterior: O que cremos sobre a Obra Redentora Cristo,
vimos o assunto em três pontos:
ü
1º) Cremos na expiação – o significado correto;
2º) Cremos na expiação ilimitada; 3º)
Cremos na exaltação de Cristo – ressureição,
ascensão e intercessão:
Terminamos
afirmando que a nossa doutrina da Obra Redentora de Cristo serve, também, para
distinguir os Batistas Livres de vários outros grupos, como: os cristãos liberais, de alguns arminianos e
dos calvinistas que creem que Jesus morreu unicamente pelos eleitos e que não
há provisão para os outros.
Hoje,
dando continuidade ao nosso estudo da Fé Batista Livre, vamos ver a doutrina do
Espírito Santo, não exaustivamente, mas os pontos do Capítulo VII – O Espírito Santo, 2ª Parte – A Fé dos Batistas
Livres do Brasil, do Manual de Fé dos Batistas Livres do Brasil.[1]
Creio
que precisamos estudar sobre o Espírito Santo, a sua pessoa e a sua obra, por
três razões: 1ª) porque esse ensino se encontra na Bíblia e deve
ser conhecido e praticado; 2ª) porque é por intermédio do conhecimento,
iluminação, enchimento e ação do Espírito Santo que somos transformados; e 3ª) porque
precisamos da obra e do poder do Espírito Santo em nossas vidas para
realizarmos a obra de Deus.[2]
Assim
sendo, o nosso tema de hoje é: O que cremos sobre o Espirito Santo.
Veremos esse assunto em três pontos: 1º)
Cremos
que o Espírito Santo é uma pessoa; 2º)
Cremos
que o Espírito Santo é Deus; e 3º)
Cremos na obra do Espirito Santo na
salvação.
I. Cremos que o Espírito Santo é uma
pessoa
É
importante entender que o Espírito Santo é uma pessoa, não uma força impessoal.
Isto é o que a primeira parte deste capítulo, no Manual, enfatiza ao demonstrar
que o Espírito age e possui os mesmos atributos de um ser inteligente (e
pessoal).[3]
Portanto,
“o Espírito Santo não é uma força ou uma energia cósmica e impessoal, mas, uma
personalidade que expressa ideias, sentimentos e comportamentos”.[4]
O
Espírito Santo como ser pessoal é demonstrado pelo fato de que a Bíblia o
apresenta como desenvolvendo atividades pessoais e manifestando vontade,
pensamentos e sentimentos.[5] A Bíblia demostra isso de várias
maneiras:
1. Com argumentos gramaticais – A expressão “outro consolador” em João 14.6; indica que o Espírito Santo
é alguém como Jesus, uma personalidade distinta do Pai e do Filho. (Cf. Jo 15.26; 16.7, 8; 13, 14)
2. Com argumentos pessoais – O Manual afirma: As Escrituras
designam ao Espírito Santo os atos e atributos de um ser inteligente. Ele guia, sabe, conhece, age, presta informações, ordena, proíbe, envia, reprova, e podemos pecar contra ele.[6] A Bíblia sempre apresenta o Espírito Santo como uma
pessoa, atribuindo-lhe traços de personalidade: inteligência, vontade e emoções
ou sentimentos (Cf. 1Co 2.10, 11; Rm
8.27; 1Co 12.11; At 13.1-3; Ef 4.30; Rm 15.30). Ele age como uma pessoa: fala,
intercede, testemunha, ensina, chama e envia pessoas, convence, guia e orienta
(Cf. Ap 2.7; Rm 8.26; Jo 15.26; Jo
16.12-14; At 20.28; Jo 16.8; At 16.6, 7). O Espírito Santo é uma pessoa, a
qual você pode blasfemar, mentir, tentar, resistir e obedecer (Cf. Mt 12.31; At 5.3, 9; 7.51; 13.2, 3).[7]
É
importante observar, também, que no ensino de Jesus sobre o Espírito Santo nos
capítulos 14 à 16 do Evangelho de João,
ele usa três nomes diferentes para o Espírito Santo:
1º) Consolador – do grego Parakletos, significa encorajador ou
auxiliador – Jo 14.16, 25; 15.26; 16.7.
Essa palavra é usa na linguagem jurídica para um advogado de defesa, mas, aqui
ganha amplitude, pois o Espírito, assim como Jesus, não apenas foi um advogado,
mas uma pessoa que provê encorajamento, conselho, força, entusiasmo, motivação
e poder (Cf. 1Jo 2.1). É, portanto,
comparável ao apoio e o carinho de um pai.[8] Por isso
Jesus disse: Não vos deixarei órfãos;
voltarei para vós. (Cf. Jo 14.18; Tg
1.27)
2º) O Espírito da verdade – Jo 14.17;
16.13 – Temos aqui um duplo significado: Primeiro – o Espírito Santo é a essência da verdade e o revelador do que é
verdadeiro (Cf. 1Jo 5.6; 2Pe 1.20,
21; Jo 17.17); Segundo – Ele dá
conhecimento da verdade salvadora que é Jesus Cristo – Jo 8.32, 36. Não existe a possibilidade humana de conhecer as
verdades de Deus senão pelo Espírito Santo. Uma mentira contra o Espírito Santo
foi instantaneamente punida com a morte no NT – At 5.1-11.[9]
3º) O Espírito Santo – Jesus disse: Mas aquele
Consolador, o Espírito Santo... (Jo 14.26a).
Ele é chamado de Espírito Santo por causa de sua natureza santa e perfeita e do
seu ministério que é produzir santidade – 1Jo
2.20; 1Pe 1.16; Sl 51.11; Rm 1.14.[10]
II. Cremos que o Espírito Santo é Deus
A
segunda parte do capítulo VII do Manual, sobre o Espírito Santo, é dedicada à
afirmação e prova da divindade do Espírito Santo. Veja comigo o que diz:
(2)Os
atributos de Deus são imputados ao Espírito Santo. (3)As obras de
Deus são atribuídas ao Espírito Santo: criação, inspiração, doação da vida e
santificação. (4)Os apóstolos afirmaram que o Espírito Santo é
Senhor e Deus.
Por
divindade do Espírito Santo entendemos que ele é um com Deus, isto é, faz parte
da Divindade, coigual, coeterno e consubstancial com o Pai e com o Filho.[11] O Breve
catecismo de Westminster resume: O Espírito Santo é a terceira pessoa da
Trindade, procedente do Pai e do Filho, da mesma substância e igual em poder e
glória, e deve-se crer nele, amá-lo, obedecê-lo e adorá-lo, juntamente com o
Pai e o Filho, por todos os séculos (Mt
3.16, 17; Mt 28.19; 2Co 13.13; Jo 15.26; 16.13, 14; 17.24).[12]
Na
Bíblia, a divindade do Espírito Santo é demonstrada de várias maneiras:
1. Pelos atributos divinos que lhe são atribuídos: eternidade, onipotência, onipresença, onisciência,
soberania, santidade e vida – Hb 9.14;
Gn 1.1, 2; Sl 139.7, 8; 1Co 2.20; Jo 3.8; Mt 28.19; Rm 8.2.
2. Pelas obras divinas que lhe são atribuídas: criação, inspiração das Escrituras, encarnação de
Cristo, ressurreição de Cristo, santificação – Jó 33.4; 2Pe 1.21; Mt 1.18; Rm 8.11; 1Pe 3.18; 1Co 6.11.
No
que se refere as obras divinas, devemos entendê-las, didaticamente, da seguinte
maneira: O Pai é a origem da qual elas
começam; o Filho é o meio pelo qual elas acontecem; e o Espírito Santo é o
executivo pelo qual elas são realizadas ou aplicadas.[13]
O Manual encerra esse
assunto sobre a divindade do Espírito Santo do seguinte modo:
Pelo exposto, a conclusão é que o Espírito Santo é realmente Deus,
idêntico ao Pai em todas as divinas perfeições. Já foi demonstrado também que
Jesus Cristo é Deus, um com o Pai. Portanto, esses três, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo, são um só Deus.
A veracidade dessa doutrina também é provada pelo fato de que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo estão unidos na autoridade pela qual os crentes são
batizados e nas bênçãos pronunciadas pelos apóstolos[14], que são atos da mais elevada adoração religiosa.
III. Cremos na obra do Espirito Santo na
salvação
Este
ponto não é tratado diretamente no Manual,
mas é necessário mencioná-lo para que a exposição doutrinária fique completa. O
Manual presume que o leitor entenda
que as obras que são tratadas nas doutrinas da salvação são aplicadas aos que
creem pelo Espírito Santo.[15]
Entendemos
que a obra do Espírito Santo, na salvação, tem como marco divisor o cumprimento
da promessa do derramar do Espírito (Cf. At
2). Cremos que todos os que foram salvos e viveram pela fé antes do
Pentecostes, foram assistidos pelo Espírito Santo. Paulo declara que Abraão e
Davi foram justificados pela fé (Rm 4).
Seria possível alguém ser justificado pela fé sem a ação do Espírito Santo?[16]
No
Antigo Testamento, o Espirito Santo convencia
(Gn 6.3), vivificava (Sl 119.25); iluminava (Sl 119.27), conduzia a alma a
Deus (Sl 65.3, 4), instruía (Ne 9.20) e sustentava os
criam (Sl 37.24). Ele inspirou os profetas (Ez 2.1, 2), inspirou as Escrituras (2Pe
1.21), concedeu dons aos que criam
(Gn 41.38; Êx 31.2-5; Nm 11.25; 27.18;
Jz 6.34) e os capacitou para o
serviço (Zc 4.6).[17]
No
ensino de Jesus sobre o Espirito Santo, ele lhe atribuiu tarefas especiais: 1) Ensinar
e relembrar – Jo 14.26; 1Pe 1.20, 21; 2) Dar testemunho – Jo 15.26; Rm 8.9, 16; 1Jo 5.10; 3) Convencer o mundo – Jo
16.8. Essa obra de convencimento é tríplice: do pecado – pois somos pecadores por natureza (Rm 3.23); da justiça –
justiça salvadora que nos é oferecida em Cristo Jesus (Rm 5.1); e do juízo – que
será o julgamento daqueles que rejeitam a salvação em Jesus (Jo 3.18, 19); 4) Guiar a toda verdade –
Jo 16.13; 5) Glorificar a Cristo – Jo 16.14.[18]
O
Novo testamento ainda fala muito mais sobre a ação do Espírito Santo na
salvação: regeneração ou novo nascimento
– Tt 3.5; habitação e confirmação de filiação – Rm 8.9-14; batismo no
Espírito Santo – At 1.5-8; 2.38;
3.19; 1Co 12.13; iluminação na
compreensão das Escrituras – 1Co
2.9-14; intercessão pelos que
pertencem a Cristo – Rm 8.26; aplicação do fruto do Espírito – Gl 5.22-25; distribuição dos dons espirituais – 1Co 12.7-11.
Em
relação ao falar em línguas estranhas ou a dos anjos como obra do Espírito
Santo, seguimos o ensino das Escrituras conforme exposto no Capítulo VII do Manual, sobre o
Espírito Santo.
Concluindo
Para concluir quero citar três princípios bíblicos sobre a doutrina do Espírito Santo:[19]
1º) O Espírito Santo é Deus – ele é igual, coexistente e coeterno com o
Pai e o Filho. Ele possui todos os atributos da divindade;
2º) O Espírito Santo é quem
convence o pecador do pecado, da justiça e do juízo – e assim, ele habita,
santifica, capacita e guia os crentes, mantendo-os firmes e perseverantes na
fé;
3º) A ordem de Deus é para todos os
crentes sejam cheios do Espírito Santo. (Ef 5.18)
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 09/04/15
[1] Manual de Fé e Prática dos Batistas Livres do Brasil,
4ª Edição, 2014, Capítulo VII – O Espírito Santo, pg. 17-19.
[2] Casimiro, Arival Dias. Rede de Discipulado 2, 1ª
Edição, 2015, Z3 Editora, p. 51.
[3] Picirilli, Robert E. Estudo da Doutrina Batista Livre,
Lição 6 – O que cremos sobre o Espírito Santo e Sua Obra, p. 2.
[5] Picirilli, p. 3.
[6] Manual, p. 17.
[7] Casimiro, p. 52.
[8] Ibid., 52.
[9] Ibid., 52.
[10] Ibid., 52.
[11] Casimiro, p. 53.
[12] Casimiro, p. 52.
[13] Casimiro, p. 53.
[14] Mateus 28.19; 2Coríntios
13.13; 1Pedro 1.2
[15] Picirilli, p. 4.
[16] Casimiro, p. 53.
[17] Ibid., p. 53.
[18] Ibid., p.53.
[19] Ibid., p.51.
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