domingo, 25 de agosto de 2013

Oração de Salomão por justiça, paz, poder e prosperidade

Salmo 72

Nosso Salmo Messiânico anterior foi o Salmo 69, e o tema foi: “Oração – pedido de socorro, intercessão e louvor”. Estudamos ele em três pontos: 1º) Oraçãopedido de socorrovv.1-5; 2º) Oraçãointercessãovv.6-28; e 3º) Oraçãolouvor vv.29-36.

Nosso Salmo Messiânico, de hoje, é o Salmo 72. Ele não tem referências messiânicas diretas, que o identifiquem como salmo messiânico, mas assim como os outros desse tipo, refere-se “a um rei do Antigo Testamento, no caso Salomão, tendo seu cumprimento último no Rei ideal, Jesus Cristo, o Filho maior de Davi”[1] (Lc 1.31-33). MacArthur afirma: “... já que os reis davídicos e o governo do Messias se misturam na literatura do AT, as inferências messiânicas aqui não devem ser negligenciadas. Este salmo descreve um reino em que Deus, o rei, a natureza, todas as classe sociais e as nações estrangeiras viverão em harmonia.”[2]

Richards, no Guia do Leitor da Bíblia, afirma que o salmista, em sua oração por juízo e justiça (v.1), “prefigura o governo do Messias que julgará com justiça (vv.2-7) e dominará desde o rio até aos confins da terra (vv.8-11). Seu compromisso de livrar o necessitado (vv.12-14) conquista-lhe um nome permanente (vv.15-17), e traz a Deus louvor para sempre (vv.18, 19)”[3].

O Salmo 72 e o 127 são os únicos que levam um título com referência a Salomão. Mas, ambos, em sua redação, “tem a forma padrão da atribuição de autoria e o Salmo 72 se encaixa bem com a época e pensamento de Salomão”[4]. Além do que, “sua oração em Gibeão (1Rs 3.6-9) combina com este Salmo no que se refere aos ideais reais”[5].

Segundo Carson, o salmo ultrapassa o que até mesmo uma hipérbole diria a respeito de um reino humano meramente terreno. Ele recordaria a Salomão a grandeza de sua vocação, mas somente o Messias poderia concretizar plenamente esse ideal.[6]

Vamos estuda-lo como uma oração de Salomão para que seu reinado seja caracterizado por justiça (vv.1-4), paz (vv.5-7), poder (vv.8-11), compaixão (vv.12-15), e prosperidade (vv.16-17). As notas finais do livro, são de louvor (vv.18-20) e encerram o Segundo Livro de Salmos.

I. Oração de Salomão por um reinado de Justiça – vv.1-4

1. A justiça é a virtude mais elementar para um governante – v.1-2.

2. Os montes e colinas são as nações vizinhas. Salomão teve paz por todo o lado, gozou de muita paz e prosperidade. As nações vinham exaltar o seu reino e desejar paz e justiça – v.3.

3. Às vezes, para que haja justiça, é preciso ser enérgico. Salomão não admitia a injustiça e a opressão – v.4.

Salomão desejava que a justiça fosse praticada em seu reinado.
No reino do Messias a justiça será universal.

II. Oração de Salomão por um reinado de paz – vv.5-7

1. Salomão dominou por todas as partes, mas, não como será o domínio do reino messiânico através de mil anos – v.5. (Ap 20.2)

2. O reino de Salomão dominou a terra como a chuva do céu que rega todos os cantos. O reino do Messias cobrirá a terra como as águas cobrem todo o mar – v.6.

3. O nome Salomão significa “paz”. O reino dele, de fato, foi um reino de paz. O domínio não foi só de justiça, mas de paz e também de florescimento e frutos. Assim será o reino do Messias na terra. As armas serão substituídas por instrumentos de trabalho e produção. A paz mundial será, pela primeira vez, real – v.7.

III. Oração de Salomão por um reinado de poder (domínio) – vv.8-11

1. O domínio do reino de Salomão foi do Mar Grande até o Grande Eufrates. O reino do Messias será o mundo todo. Tudo será um só reino – v.8.

3. Todos os vizinhos de Salomão reconheceram o seu domínio e lhe pagavam tributos. Sabá e Sebá são os povos da Arábia e da Etiópia. Todos os povos reconhecerão o domínio do Messias, Jesus Cristo em Seu reino e lhe prestarão adoração a cada ano em Jerusalém – v.9-11.

IV. Oração de Salomão por um reinado de compaixão – vv.12-15

1. Compaixão com as necessidades psicoemocionais do povo, sua autoestima – v.12.

2. Compaixão com as necessidades básicas do povo – v.13a.

3. Compaixão com as necessidades espirituais do povo – v.13b, 14a.

4. Compaixão com as necessidades sociais do povo – v.14b, 15.

V. Oração de Salomão por um reinado de prosperidade – vv.16-20

1. O reino de Salomão foi próspero em cereais e toda forma de abundância da terra. Nada faltou no reino de Salomão. Assim como o Líbano era riquíssimo em árvores, o reino de Salomão foi rico em cereais – v.16.

2. Salomão foi um rei próspero e bendito. As pessoas queriam muito bem a Salomão. Salomão em sua prosperidade não deve ter deixado os vizinhos sem mantimento também – v.17.

3. vv.18, 19 – Pela justiça, paz, domínio, compaixão e prosperidade no reino de Salomão, Deus, o Deus de Israel foi glorificado! Nessa época os cantores e músicos, em geral, trabalhavam em turnos e enchiam o Templo de louvor durante todo o dia e noite.

4. v.20 – Aqui se atribui a Davi a autoria dos salmos contidos no Segundo Livro de Salmos (42-72). Ele foi o principal, mas não o único autor desse livro. Possivelmente, nessa oração de Salomão, está contido o desejo de Davi para o reino de seu filho e a sua esperança do reino messiânico.

Concluindo

Esse Salmo é uma oração em favor do rei, recitado no dia da sua entronização ou no aniversário da sua ascensão ao trono. Mais tarde, quando o povo de Israel já não era mais governado por reis, eles viram neste salmo uma descrição do futuro rei, o Messias, onde, na verdade, haverá em seu reinado justiça plena, paz real, compaixão verdadeira, prosperidade integral e adoração em espirito e em verdade ao Rei dos reis – Is 2.3; Dn 7.14; Zc 14.9; Is 11.3-5; 2.4; 35.1, 2; Ap 20.2.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 24/08/13



[1] Ryrie, Charles Caldwell. A Bíblia Anotada, Editora Mundo Cristão e SBB, 1994, p. 740.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 734.
[3] Richards, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, 2006, p. 366.
[4] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 799, 803.
[5] Ibid., p. 803.
[6] Ibid., p. 803.

domingo, 18 de agosto de 2013

Oração – pedido de socorro, intercessão e louvor!


Salmo 69

No estudo do Salmos Messiânicos, o salmo anterior foi o Salmo 68, e o tema foi: Efeitos da presença de Deus. Estudamos ele em cinco pontos: 1º) O estabelecimento da justiça – vv.1-6; 2º) A concessão da graça – vv.7-10; 3º) O anúncio da primazia divina (vv.11-16, 21-23); 4º) A salvação do seu povo – vv.17-23; 5º) A adoração digna da glória divina – vv.24-35.

Nosso Salmo Messiânico, de hoje, é o Salmo 69. As referências messiânicas diretas, que o identifica como salmo messiânico, são sete: 1ª) Salmo 69.4 – João 15.24, 25 (Lc 6.11-13); 2ª) Salmo 69.8 – João 7.3-6 (Mc 3.30-32); 3ª) Salmo 69.9a – João 2.12-17; 4ª) Salmo 69.9b – Romanos 15.3; 5ª) Salmo 69.13-21 – Lucas 22.44 (Mt 26.40; 27.33, 34, 48); 6ª) Salmo 69.22-24 – Romanos 11.8-10; 7ª) Salmo 69.25 – Atos 1.20, 26.

Esse salmo davídico é uma oração ou lamento de desespero. Davi ao perceber que, por ser odiado por alguns, pode em breve sofrer um atentado e ser morto, faz essa oração ao Deus que o pode livrar. Segundo Carson, Davi enfrentou um ódio prolongado e ameaçador por causa de sua fé e devoção (vv.1-4). “Esse ódio resultou em que os que buscavam a Deus fossem difamados na terra (v.6), levou os próprios familiares de Davi a se afastarem dele (v.8), transformou sua pratica religiosa em alvo de zombaria (v.10-12), levou-o a ter receio de que o Senhor o tivesse abandonado (v.17), deixou-o desgostoso e sem amigos (v.20). O motivo apresentado era a acusação de que ele havia se envolvido em malversação (v.4), mas a razão secreta era a devoção ao Senhor (v.7) e à casa do Senhor – na verdade, o alvo do ataque era o próprio Senhor (v.9)”[1].

Davi, em um período de sua monarquia, “esteve fortemente envolvido nos planos e na obtenção de recursos financeiros para a construção do templo”[2] – 1Cr 28.11-21; 29.2-5. Riqueza incita inveja, e por certo, havia em Israel pessoas em cuja opinião as necessidades da população e outros interesses nacionais estavam sendo deixados de lado por algo que consideravam mera obsessão real. Acusações de apropriação indébita seriam fáceis de fazer e nem sempre tão fáceis de desmentir, trazendo com elas o tipo de linchamento moral que o salmo sugere.

Este é o salmo mais citado no Novo Testamento, principalmente pelo Senhor Jesus – v.4 (Jo 15.25), v.9 (Jo 2.17; Rm 15.3), v.21 (Jo 19.28; Mt 27.34, 48), v.22 (Rm 11.9ss), v.25 (At 1.20). Outros versos se aplicam perfeitamente à hostilidade brutal que o Senhor sofreu – vv.12, 20 (Mt 27.27-31; Mc 14.50).[3]

Para o Pr. Tomas, apesar do amplo uso desse salmo no Novo Testamento, seu enfoque primário envolve a própria situação de vida do rei Davi. Nesse sentido, ao ser perseguido ferozmente pelos inimigos, ele reage de maneira comum aos homens, nem todas aconselhadas por Cristo, mas certamente conhecidas de todos nós. Assim, o salmo apresenta cinco reações comuns aos homens que são maltratados. 1ª) A supervalorização do sofrimentov.4; 2ª) O sentir-se ofendido pelos comentáriosv.7; 3ª) Impaciência na oraçãovv.16, 17; 4ª) O ressentir-se pelo silêncio dos amigosv.20; e 5ª) O nutrir o desejo de vingançavv.22-28.

O nosso tema o estudo de hoje é “Oração – pedido de socorro, intercessão e louvor”. Vamos, então, dividir o salmo em três pontos: 1º) Oraçãopedido de socorrovv.1-5; 2º) Oraçãointercessãovv.6-28; e 3º) Oraçãolouvor vv.29-36.

I. Oração – pedido de socorro – vv.1-5

Metáforas de afogamento, areia movediça e enchente irresistível descrevem a terrível realidade da situação em que está vivendo o salmista – vv. 1-3. Por isso ela clama ao Senhor: “Salva-me, ó Deus...” – v.1a.

1. v.4a – aqui está razão da situação do salmista. “...sem razão me odeiam...” “...falsos motivos...”. Acusação de apropriação indébita por causa da obra de Deus!

2. v.4b – “... por isso, tenho de restituir o que não furtei”. Davi, em um momento de desespero, cedeu à pressão e devolveu o que não pegou.

3. v.5 – aqui em sua confissão de pecados, Davi, deixa claro que é pecador, mas não cometeu o que de que os seus inimigos o estavam acusando.

II. Oração – intercessão – vv.6-28

Após seu pedido desesperado de socorro ao Senhor, o salmista, passa a interceder diante de Deus por três situações e pessoas diferentes:

1. A situação dos servos de Deus e da sua família – vv.6-8.

2. A sua própria situação – vv.9-21.

3. A situação de seus inimigos – vv.22-28.

III. Oração – louvor – vv.29-36

Essa nota de louvor do salmista é muito significativa, porque o Salmo 69 foi escrito quando a crise ainda não estava resolvida – v.29. Davi, pela fé, louva a Deus e instrui aos servos de Deus a louvarem também.

1. O louvor pessoal de Davi – vv.30, 31.

2. O convite ao louvor aos aflitos e necessitados – vv.32, 33.

3. O reconhecimento do louvor da criação – v.34.

4. O louvor ao Deus Salvador de seu povo – vv.35, 36.

Concluindo

Embora a perseguição, a amargura e a aflição possam persistir, o louvor também é persistente, agradando a Deus, fornecendo um testemunho encorajador, baseado na garantia de que a oração será respondida e digna de se tornar um cântico de toda a criação, pois, quando a aflição cessar, a estabilidade voltará para os que amam o nome do Senhor.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 18/08/2013




[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 799, 800.
[2] Ibid., p. 800.
[3] Ibid., p.800.