segunda-feira, 19 de março de 2012

Os Frutos de uma Plantação bem Sucedida

Atos 15.36-17.1-9; 1 Tessalonicenses 1.1-10

Introdução

Em Atos, a partir do capítulo 15, versículo 36, Paulo começa sua segunda viagem missionária. Inicialmente, a ideia do apóstolo era confirmar a fé dos irmãos.

Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a Palavra do Senhor, para ver como passam”.
“Mas, Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado
pelos irmãos à graça do Senhor”. “E passou pela Síria e Cilícia,
confirmando as igrejas”. (v.36, 40 e 41)

Até em tão a equipe era Paulo e Silas, porque, Paulo, ainda estava formando seu grupo base, isto é, aqueles que o ajudariam nas muitas fases do novo projeto missionário.

Mas, em continuidade, no capítulo 16 vemos que eles, Paulo e Silas, chegaram “a Derbe e a Listra” e que “havia ali um discípulo chamado Timóteo”, que Paulo “quis que ele fosse em sua companhia” e “assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número”. (v.1, 3 e 5) Agora, ao grupo base é somada a presença de Timóteo e a obra passou, não apenas a confirmação e fortalecimento da fé das igrejas já plantadas, mas se consolidava mais um projeto e ardor missionário, pelo crescimento diário das igrejas.

Para completar a equipe, em Trôade, o médico Lucas passa a fazer parte do grupo. Ele foi acrescentado logo após o Espírito Santo impedir que a equipe de plantadores pregassem a palavra na Ásia – em Mísia e Bitínia. O texto é muito claro:

E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
Atos 16.6, 7
Com o grupo base de líderes completo, Deus, através de uma revelação clara, mostra a Paulo em “uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho”. (16.9, 10)

Não só Paulo, mas a que conclusão a equipe chegou? Deus, os estava chamando para anunciar o evangelho na Macedônia, em outras palavras: “anunciar o evangelho na Europa!”.

A partir dai, em obediência à visão e missão de Deus, as coisas começaram a acontecer naturalmente, isto é, as primeiras igrejas naquela região começaram a ser plantadas em obediência a visão celestial: A Igreja em Filipos – onde Lídia e a sua família se converteram, onde a jovem possessa por um espírito adivinhador foi liberta e onde o carcereiro e sua família também receberam a Jesus Cristo como Salvador; A Igreja em Tessalônica; A Igreja em Atenas e a Igreja em Corinto.

Assim, Paulo, no final de seu ministério, indo para Roma para ser julgado pelo tribunal de César, por pregar o evangelho de Jesus Cristo e plantar igrejas, disse ao rei Agripa: Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial... (At 26.19)

Hoje, eu, poderia falar sobre qualquer uma dessas igrejas – como elas foram plantadas, seu crescimento e o que elas nos ensinam. Então, resolvi falar sobre aquela que se tornou o exemplo para as outras, a Igreja dos Tessalonicenses.

I. Uma Plantação Bem Sucedida

Atos 17.1-9 narra os fatos da plantação da Igreja em Tessalônica, entre 49 e 50 d.C., quando a equipe organizada por Paulo visitou a cidade pela primeira vez com esse objetivo – Plantar uma Igreja Contextualizada e Multiplicadora.

Naquela época, a cidade de Tessalônica, chegou a ter 200 mil habitantes e era considerada uma das mais importantes da região, tornando-se a capital da Macedônia. Atualmente, com o nome de Salônica, é a segunda maior cidade da Grécia.

Percebemos quatro pontos na estratégia de Paulo e sua equipe na plantação da igreja em Tessalônica, com base em Atos 17:

1º) Escolheram o Lugar Certo – v.1 – a Sinagoga, lugar de culto e ensino das Escrituras na época, onde se reuniam todos que tinham interesse na Palavra de Deus;

2º) Escolheram o Tempo Certo – v.2a – o Sábado, o dia em que as pessoas se reuniam na sinagoga para estudarem a Palavra de Deus;

3º) Usaram o Livro Texto Certo – v.2b – as Escrituras – Paulo não buscou outra fonte, ele pregou a Palavra de Deus;

4º) Pregaram a Mensagem Certa – v.3 – Jesus Cristo, sua vida e missão – Quatro verbos descrevem a pregação paulina na sinagoga em Tessalônica:

a) v.2arrazoou com eles acerca das Escrituras – dialogou com eles por meio de perguntas e respostas. A palavra grega empregada aqui e traduzida como arrazoou significa: “ensinar discutindo por meio de perguntas e respostas”.

b) v.3aexpondo – ou seja, explicando para eles o conteúdo do evangelho.

c) v.3b demonstrando – o termo grego empregado e traduzido por demonstrando significa: “colocar lado a lado ao apresentar evidencias”. Paulo colocava o cumprimento ao lado da profecia provando que, de fato, Jesus é o Messias. Em outras palavras, a profecia do Antigo Testamento foi cumprida em Jesus Cristo, porque o Jesus da história e o Messias das Escrituras são a mesma pessoa.

d) v.3canunciou – Em outras palavras, ele contou a história de Jesus, seu nascimento, vida e missão.

John Stott afirmou: “Não há motivo para duvidar que Paulo tenha dado um relato completo da carreira salvífica de Jesus, do começo ao fim”.

Essa estratégia paulina, em apenas três sábados (três semanas) impactou os habitantes da cidade com uma eficácia tal que “Alguns foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres”. (v.4)

Mas, não há pregação do Evangelho sem oposição. Logo que os líderes do judaísmo perceberam a formação da nova comunidade, a Igreja de Jesus Cristo, encheram-se de inveja e usaram os métodos mais baixos para atrapalhar e impedir a consolidação da Igreja em Tessalônica.

V.5-9Os judeus, porém, movidos de inveja, trazendo consigo alguns homens maus dentre a malandragem, ajuntando a turba, alvoroçaram a cidade e, assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para o meio do povo. Porém, não os encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei. Tanto a multidão como as autoridades ficaram agitadas ao ouvirem estas palavras; contudo, soltaram Jasom e os mais, após terem recebido deles a fiança estipulada.

Na verdade, “Paulo e seus companheiros não estavam transtornando o mundo, mas transformando o mundo. A mensagem deles não provocava transtorno, mas transformação”. (Hernandes Dias Lopes)

Mas, mesmo com essa oposição, a plantação daquela igreja foi bem sucedida e num curto prazo. Os seus frutos são apresentados por Paulo, que já não estava mais em Tessalônica, mas em Corinto, que ao receber notícias da igreja por meio de Timóteo, escreve sua primeira carta aos tessalonicenses.

II. Os Frutos de uma Plantação bem Sucedida – 1 Ts 1.1-10

Paulo começa a carta com uma saudação carinhosa, deixando ressaltar quatro aspectos dessa saudação, no versículo 1, 2:

1º) Os remetentesPaulo, Silvano e Timóteo... – v.1a.
2º) Os destinatários – ... à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo... – v.1b.
3º) As bênçãos – ... graça e paz a vós outros. v.1c – Graça é o favor imerecido de Deus, paz é o resultado da graça. Essas duas bênçãos falam da causa e do resultado da salvação – a graça é causa e a paz é o efeito.
4º) Ação de GraçasDamos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar... v.2. Paulo dava graças a Deus pelo que Ele, Deus, fez, estava fazendo e continuaria a fazer na igreja.

Do versículo 3 ao 10, Paulo fala dos frutos dessa igreja que foi plantada com sucesso:

1. Primeiro Fruto – Virtudes Cardeais da Vida Cristã – v.3

... recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo...

Embora nova na fé, a igreja tinha as marcas da maturidade cristã. Possuía as três virtudes cardeais da vida cristã. Em 1 Coríntios 13.13 está escrito: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.

Quanto ao passado, a igreja, estava firmada na verdade, pois tinha colocado sua fé em Deus e agora estava trabalhando para Ele. Quanto ao presente, estava envolvida no amor a Deus e ao próximo. Quanto ao futuro estava sendo alimentada pela expectativa da segunda vinda de Cristo.

a. operosidade da vossa fé – não só a fé salvadora, mas fé que produzia resultados tangíveis;

b. abnegação do vosso amor – não só um sobre discurso o amor, mas amor que produzia trabalho diligente;

c. firmeza da vossa esperança – não só nas coisas desta vida, mas esperança que produzia perseverança firme. A palavra empregada aqui e traduzida por firmeza significa: “paciência triunfadora”.

A fé daquela jovem igreja florescia em boas obras, seu amor os capacitava a trabalhar por Deus sob circunstâncias difíceis, enquanto sua esperança cristã os capacitava a permaneceram firmes sob fogo cerrado”. Carlos Osvaldo Cardoso Filho

2. Segundo Fruto – Convicção para perseverar até o fim – v.4

... reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição,

Uma igreja amada e eleita por Deus! A eleição deve ser evidenciada com humildade e não manifestada com arrogância. Como Paulo reconhecia o amor de Deus e a eleição dos irmãos em Tessalônica? Pela da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo... v.3.

Para o apostolo a eleição divina é confirmada pela fé, pelo amor e pela esperança! Se a fé de um cristão em Deus não o leva a viver a missão de Deus, se o amor de um cristão a Deus não o leva a amar e trabalhar pelo próximo e se a sua esperança em Deus não o faz estar com os pés na terra e os olhos nos céus, tem alguma coisa faltando – a eleição!

3. Terceiro Fruto – Experiência genuína e pessoal com o Evangelho – v.5

... porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.

a. tão-somente em palavra – não meramente uma experiência intelectual, não apenas as palavras de um sermão ou palestra bem estruturadas pelo exercício da arte, da ciência e da técnica de se falar em publico, não! Tem que ser a Palavra de Deus, o Evangelho de Jesus Cristo.

b. mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo – o poder do Evangelho que foi inspirado pelo Espirito Santo e que ilumina o coração e a mente para compreender o plano de salvação – “... evangelho que é o poder de Deus para a salvação...”(Rm 1.16) e que produz...

c. plena convicção – de quem ensinou ou pregou o evangelho e de quem ouviu e recebeu o evangelho. Aqui podemos lembrar as palavras da carta aos Hebreus 6.4, 5: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro...”. A plena convicção é gerada pela iluminação, pelo recebimento e participação do Espirito Santo interiormente na vida do cristão; pela transformação da Palavra de Deus operada na sua vida e a experiência sobrenatural de ser cidadão dos céus vivendo aqui na terra.

4. Quarto Fruto – Atitude de escolher o certo – v.6, 7

Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia.

a. escolher imitar o modelo certo – v.6a – seguir o exemplo e o ensino.

b. escolher acatar a mensagem certa – v.6b – a genuína mensagem do evangelho.

c. escolher ter a reação certa – v.6c – alegria da salvação, na palavra, em meio a tribulação.

d. escolher tornar-se o modelo certo – v.7 – não apenas um exemplo que outros devem seguir, mas também um padrão que os influência.

Na verdade, a igreja dos tessalonicenses aprendeu e depois passou a ensinar. Ela se tornou fonte de inspiração para os crentes da sua província. Essa igreja tornou um luzeiro perto e também uma luz para os povos mais distantes. Hernandes Dias Lopes

5. Quinto Fruto – Testemunho Eficaz e Multiplicador do Evangelho – v.8, 9

Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma; pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro...

a. Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor... por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus – a igreja era tanto receptora quanto transmissora do evangelho. O termo grego empregado e traduzido aqui para repercutiu significa: “soar como uma trombeta”. Essa palavra foi a que deu origem ao vocábulo moderno eco – assim o evangelho ecoou por todo o império romano por intermédio dessa igreja.

b. a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma – dizer mais o que de um grupo de pessoa que foi completamente, radicalmente transformado, que mudou da água pro vinho?!

c. ... pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro... – os próprios cidadãos que eram alcançados pela igreja e que eram transformados pelo mesmo poder, o Evangelho de Jesus Cristo, é davam testemunho publico do Deus tinha feito em Tessalônica. Era tão visível a transformação que os inimigos da cruz de Cristo, os invejosos religiosos diziam: “Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui...” (At 17.6).

6. Sexto Fruto – Vida Vitoriosa – v.10

... e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.

A vida vitoriosa da nova igreja estava fundamentada em três verdades:

a. Primeira verdadepara aguardardes dos céus o seu FilhoA segunda vinda de Cristo é certa – O termo grego empregado e traduzido aqui como aguardar significa “esperar feliz, com paciência e confiança”. Não é apenas crer que Jesus vai voltar, mas estar preparado para a sua volta. William Barclay disse: “O cristão é chamado para servir no mundo e a esperar a glória”.

b. Segunda verdade – ... a quem ele ressuscitou dentre os mortos... o poder da ressurreição é uma realidade, um fato concreto – a igreja espera a segunda volta de Cristo, por que tem a convicção de que Deus o ressuscitou dentre os mortos. É a convicção apostólica da volta de Cristo assegurada pela ressurreição e pela promessa angelical em Atos 1.10, 11 – E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.
c. Terceira VerdadeJesus, que nos livra da ira vindoura. – o céu é o lar na eternidade – para o grupo de pessoas que individualmente se converteram e formaram a igreja em Tessalônica, que abraçou o evangelho, que se tornou o modelo e irradiou sua bendita luz e influência não existe mais condenação. Não há mais temor quanto ao futuro para aqueles que estão em Cristo. O próprio Jesus garantiu isso quando disse: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (João 5.24)

Conclusão

1) Primeiro Fruto Virtudes Cardeais da Vida Cristã – v.3
2) Segundo Fruto Convicção para perseverar até o fim – v.4
3) Terceiro Fruto Experiência genuína e pessoal com o Evangelho – v.5
4) Quarto Fruto Atitude de escolher o certo – v.6, 7
5) Quinto Fruto Testemunho Eficaz e Multiplicador do Evangelho – v.8, 9
6) Sexto Fruto Vida Vitoriosa – v.10

Nenhum comentário:

Postar um comentário