domingo, 25 de outubro de 2015

Estudos Bíblicos na Carta aos Hebreus (7) - O sacerdócio de Jesus é de ordem superior

Hebreus 7

Em nosso estudo anterior sobre o caminho da maturidade e a sua garantia, vimos:

ð Que o caminho da maturidade tem três fases: O começo da vida cristã, a perseverança na vida cristã e a esperança da vida cristã.

ð E que a segurança da salvação eterna e a garantia do crescimento espiritual está em duas verdades: a promessa e o juramento de Deus e o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo.

Terminamos com o resumo que Warren Wiersbe fez da lição central desta passagem:
“Nós cristãos, devemos progredir em maturidade, e Deus oferece tudo de que precisamos para fazê-lo. Se começarmos a nos desviar da Palavra (Hb 2.1-4), também passaremos a duvidar da Palavra (Hb 3.7-4, 13). E, em pouco tempo, nos tornaremos cristãos preguiçosos, tardios para a Palavra (Hb 5.11).”[1]

Hoje, vamos começar a estudar a parte central da Carta aos Hebreus, que são os capítulos de 7 a 10. Warren Wiersbe em seu comentário dá um esboço bem prático dos quatro capítulos: 1º) Uma ordem superior – Hb 7; 2º) Uma aliança superior – Hb 8; 3º) Um santuário superior – Hb 9; e 4º) Um sacrifício superior – Hb 10.[2]

Vimos que o capítulo 6 termina com a afirmação de que Jesus foi constituído sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. O capítulo 7 usando duas referências do Antigo Testamento a Melquisedeque (Cf. Gn 14.17-24; Sl 110.4), explica a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao desse sacerdote singular, que em certos aspectos era um tipo de Cristo. Esse capítulo, também, é central na carta por causa da comparação detalhada que faz do sacerdócio de Jesus com o sumo sacerdócio levítico.[3]

Sacerdote, do latim pontifice, significa aquele que constrói pontes. Era é um homem com a função de construir uma ponte de acesso entre os homens e Deus. Deveria remover o pecado que obstrui o acesso a Deus, por meio do sacrifício expiatório pelo pecado – primeiro o seu e depois os dos outros. (Cf. Hb 7.27; 9.22)

Jesus Cristo é o novo sumo sacerdote que oferece um novo e eficaz sacrifício. Por meio dele, o caminho de acesso a Deus está aberto. O sacerdócio de Jesus pertence a uma nova e superior ordem.[4] (Cf. Hb 10.20)

Seguindo a linha do esboço de Wiersbe, vamos estudar o capítulo 7 com o tema “O sacerdócio de Jesus é de ordem superior”. Faremos isso em dois pontos: 1º) Porque este Melquisedeque!? – vv.1-10; e 2º) Jesus – Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedequevv.11-28.

I. Porque este Melquisedeque!?[5] – vv.1-10

Como já vimos, Melquisedeque é uma figura histórica, citado em duas passagens do Antigo Testamento e é, em certos aspectos, um tipo de Cristo (Cf. Gn 14.17-24; Sl 110.4). Temos quatro informações no texto sobre ele:

1. O seu nome Melquisedeque – nome hebraico, ou a junção de duas palavras hebraicas “melqui” que significa “meu rei” e “sedeque” que significa “justo”. Portanto, Melquisedeque significa, “meu rei justo”.

Foi contemporâneo de Abração e exerceu a dupla função de rei e sacerdote do Deus Altíssimo na cidade de Salém. Por isso o texto afirma que primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz. (v.2) Assim, seu ministério era legítimo diante de Deus e reconhecido perante os homens.

Justiça e paz são características do Messias e apontam para Jesus que exerceu os ofícios de profeta, sacerdote e rei (Cf. Is 9.6, 7; Sl 110.1, 4). E somente por Jesus podemos ser justificados e termos paz com Deus – Rm 5.1.

2. Duas coisas importantes que Melquisedeque fez: 1ª) Abençoou Abraãov.1b abençoar significa conferir e transferir poder benéfico em nome de Deus, trazendo felicidade e prosperidade para aquele que foi abençoado (Cf. Gn 26.29; Dt 28.1, 2). No Novo Testamento, a maior bênção é receber a salvação em Cristo Jesus (Cf. At 3.25, 26; Ef 1.3; Gl 3.8-14); 2ª) Recebeu o dízimo de Abraão – v.2a – Isso ensina que a pratica do dízimo é anterior à Lei de Moisés e a fidelidade a Deus é um dever de todo crente, hoje, descendente de Abração (Cf. Gl 3.29).

3. A origem de Melquisedeque – v.3 – Não há registro de genealogia e sucessão nas Escrituras em relação a Melquisedeque. Ele aparece do nada e desaparece sem deixar rastro. Não tem predecessor nem sucessor. O silêncio das Escrituras nesse ponto é incomum.[6] Esta falta de informação a respeito do nascimento fortalece a tipologia de Melquisedeque em relação a Cristo.[7]

Ele é semelhante ao Filho de Deus no sentido de que ele prefigura o seu sacerdócio singular e que nunca tem fim. Assim, ele foi semelhante a Cristo no sentido de que o seu sacerdócio foi universal (v.1); foi real (vv.1, 2; cf. Zc 6.13); foi justo (v.2; cf. Sl 72.2; Jr 23.5; 1Co 1.30); foi pacífico (v.2; cf. Sl 72.7; Is 9.6; Rm 5.1); e interminável (v.3; cf. vv.24, 25).

4. A grandeza de Melquisedeque – vv.4-10 – O autor demonstra a superioridade de Melquisedeque como sacerdote em relação a Abraão (vv.4-7), e a Levi (vv.8-10), quando este abençoa e recebe os dízimos das mãos de Abraão (v.7).

II. Jesus – Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque – vv.11-28

Agora, o autor, avança em sua argumentação. Uma vez que o sacerdócio de Melquisedeque é superior ao sacerdócio levítico (vv.1-10), o sacerdócio de Cristo também é superior ao sacerdócio levítico, visto que o sacerdócio de Cristo não é segundo Levi, mas sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. (vv.11b; 17).

Arival Dias Casimiro, alista seis razões teológicas pelas quais o sacerdócio de Jesus é superior a todos os outros:

1ª) Ele é superior porque é necessário – vv.11-14 – O sacerdócio levítico era imperfeito e incapaz de produzir mudanças eternas. Por isso ele foi mudado – a ordem de Arão foi substituída pela ordem de Melquisedeque; o sacerdote da tribo de Levi (Arão) foi substituído pelo sacerdote da Tribo de Judá (Jesus); o regulamento da Lei foi substituído pela aliança da graça. O sacerdócio levito precisou ser mudado pelo sacerdócio de Cristo.

2ª) Ele é superior por causa da sua constituição – vv.15-17 – O sacerdócio de Jesus Cristo não foi constituído conforme a lei da hereditariedade, mas segundo o poder de uma vida incorruptível porque possui vida em si mesmo.

3ª) Ele é superior por causa de sua eficácia – vv.18, 19, 25 – Ele traz a esperança e a salvação eterna pela qual nos achegamos a Deus que o sacerdócio levítico e a lei não podiam dar. Ainda mais, ele vive sempre para interceder pelo seu povo. (Rm 8.33, 34)

4ª) Ele é superior por causa da sua garantia – vv.20-22 – O sacerdócio de Jesus Cristo foi constituído diretamente por Deus que fez um juramento. Matthew Henry comentou: Aqui Deus declarou sob juramento a imutabilidade, a excelência, a eficácia e a eternidade do sacerdócio de Cristo. Além disso, Jesus é a garantia de que todas as promessas contidas na nova aliança serão cumpridas por Deus, na vida de seu povo.

5ª) Ele é superior porque é continuo e permanente – vv.23-25 – O sacerdócio levítico era mortal e, portanto, transitório. Mas, Jesus Cristo porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Jesus venceu a morte e é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. (cf. Hb 13.8; 1Co 15.20-23)

6ª) Ele é superior porque é perfeito – vv.26-28 – Pelo fato de ser santo, isto é, sem pecado algum, Jesus Cristo fez apenas um sacrifício, uma única vez por todos os homens por toda a eternidade. A obra de Cristo nunca precisou nem precisará ser repetida, pois ele é perfeita. (cf. Hb 9.12, 26, 28; 10.1, 10; 1Pe 3.18).

Concluindo – Concluirei com as palavras de Stuart Olyott:[8]

Jesus Cristo não é um sacerdote levítico convivendo com o pecado, enfermidade e fraqueza, oferecendo cada dia sacrifícios por si mesmo e pelos outros. Designado a esse mister por juramento divino, plenamente qualificado para a obra, foi nomeado para isso por toda a eternidade! Tratou o pecado de modo definitivo, de uma vez para sempre, oferecendo-se como sacrifício perfeito, plenamente aceitável a Deus, em cuja presença hoje está.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 24/10/15



[1] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica – Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 8ª Lição, p. 34.
[2] Ibid., p. 35.
[3] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1698.
[4] Casimiro, p. 35.
[5] Casimiro, p. 35-37. Neste ponto segui o comentário da lição nas páginas citadas, com cortes e acréscimos que julguei necessário.
[6] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, SP, 2009, p. 2005.
[7] Comentário Bíblico Moody, Hebreus, p. 38.
[8] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha, Editora Cultura Cristã, 2012, p. 69.

domingo, 18 de outubro de 2015

Estudos Bíblicos na Carta aos Hebreus (6) - O caminho da maturidade e a sua garantia

Hebreus 6

Em nosso estudo anterior sobre uma compreensão correta do Sumo Sacerdócio de Jesus Cristo, vimos:

ð  As qualificações do Sumo Sacerdócio de Jesus Cristo – vv.1-10; e uma advertência sobre a caminhada da fé com o Sumo Sacerdote – vv.11-14.

Terminamos observando que, esses últimos quatro versículos do capítulo 5 são muito importantes para nós, porque destacam a importância de perseverar, de continuar firmes e nos mostram como saber quando estamos fazendo isso. Nos mostram, também, como medir se estamos progredindo espiritualmente ou não.

Hoje, o nosso estudo é no capítulo 6 com o tema “O caminho da maturidade e a sua garantia”. Faremos isso em dois pontos: 1º) O caminho da maturidade – vv.1-12; e 2º) A garantia da Maturidade – vv.13-20.

Nos primeiros versículos desse capítulo, o autor fala claramente sobre o crescimento espiritual ou o caminho a percorrer em direção a maturidade cristã. Ele insiste que, um cristão não deve estar satisfeito em permanecer neófito na doutrina cristã, isto é, conhecer apenas o mais básico. Mas, deve conhecer mais e mais da Palavra de Deus e esse é o caminho da maturidade.

O caminho da maturidade é o caminho da mente. É conhecendo que crescemos.
Stuart Olyott[1]

I. O caminho da maturidade – vv.1-12

A exortação do autor, inicialmente, é que os cristãos não devem estar satisfeitos apenas com os fundamentos, mas devem “prosseguir além disso, rumo à perfeição, ou seja, à maturidade espiritual”[2] (v.1).

Mas, ninguém pode edificar sobre as verdades fundamentais se não as conhecer. Por isso, nos vv.1, 2, ele menciona seis doutrinas básicas, que se agrupam em três pares: 1ª) Salvação – arrependimento de obras mortas e fé em Deus (v.1a) – que trata do começo da vida cristã e nossa relação com Deus; 2ª) as ordenanças – doutrina dos batismos e imposição de mãos (v.2a) – sobre a vida cristã diária e nossa relação com a igreja; e 3ª) as últimas coisas – ressurreição dos mortos e juízo eterno (v.2b) – que trata de para onde vai a vida cristã, isto é, da nossa relação com o futuro. Portanto, o caminho da maturidade tem começo, meio e fim, isto é, conversão, vida cristã e vida eterna.

Esses versículos inicias e os que se seguem, também, são um desafio para nós cristãos, pois o autor “delineou claramente as questões: nós prosseguimos sempre, e somos salvos, ou não continuamos na fé, e nos perdemos. Para descobrir se estou progredindo, tenho de avaliar se estou crescendo na compreensão da Palavra de Deus”.[3]

Portanto, o caminho a ser seguido rumo à maturidade tem três fases:

1ª) Fase: O começo da vida cristã – Salvação – arrependimento de obras mortas e fé em Deus (vv.1a, 4-8) – que trata do começo da vida cristã e nossa relação com Deus. Uma pessoa só é salva uma vez, isto é, só é regenerado uma vez, só recebe o Espírito Santo uma vez, só é batizada nas águas uma vez. Por isso, o autor, faz essa séria advertência sobre a possibilidade da apostasia.

A seriedade da advertência descrita aqui se encontra nas palavras “... é impossível que... (v.4) ... sejam outra vez renovados para arrependimento” (v.6). A apostasia contra a qual se adverte aqui é vista como final, isto é, “não há segunda chance para aqueles que rejeitam a fé salvadora”[4].

Aqui temos três lições: 1ª) Os apostatas cometem sempre o mesmo pecado – Eles sabem que o Evangelho é verdadeiro e tiveram as experiências listadas nos vv.4, 5. Porém, dão as costas a tudo isso, isto é, tratam a verdade como se fosse falsa e suas experiências como se jamais tivessem acontecido[5]. Olyott considera essa atitude como blasfêmia contra o Espírito Santo, que pode não acontecer de repente, mas, com uma série de passos propositais, é ali que chegarão. O apostata não pode se recuperar. Ele é como solo que produziu espinhos e abrolhos em vez de ervas úteis e é rejeitado, em contraste ao solo que produziu frutos (vv.7, 8); 2ª) Apostatar não é se desviar-se temporariamente – os que se desviam temporariamente tem a possibilidade de voltar arrependidos, coisa que um apostata não fará. Um bom exemplo é o da parábola do filho prodigo contada por Jesus – Lc 15.11-32; e 3ª) Apostatar não é imaturidade espiritual – os irmãos hebreus eram imaturos e estavam necessitando de crescimento espiritual, mas não tinham abandonado a fé. Por isso não foram considerados apostatas (Cf. v.9). Contudo, a “advertência era real e de modo algum hipotética: se abandonassem a fé, certamente estariam perdidos”[6] (vv.1-8, 11).

Na carta aos Hebreus há muitas passagens que advertem contra o mesmo perigo: “se desviar” (2.1), “se afastar do Deus vivo” (3.12), “cair” (6.6), “recuar, retroceder” (10.38-39) e “rejeitar ao que fala” (12.25). Este é certamente um dos temas do livro e todas as passagens elucidam 6.4-6.

Duas perguntas surgem naturalmente aqui: 1ª) Essas pessoas eram realmente convertidos? A resposta óbvia é sim. Estando em escuridão espiritual, foram iluminadas, receberam o dom da vida, possuíam o Espírito Santo, provaram da boa Palavra de Deus e experimentaram as coisas prometidas ao povo de Deus para o mundo vindouro. 2ª) O que aconteceu com elas?Caíram” da presença de Deus, o que é explicado por todas as outras passagens de advertência resumidas acima. Se desviaram dele (12.25), se afastaram dele (3.12) – esta última frase traduz literalmente o que significa apostatar.

2ª) Fase: A perseverança na vida cristã – as ordenanças – doutrina dos batismos e imposição de mãos (v.2a, 9, 10) – sobre a vida cristã diária e nossa relação com a igreja.

Permanecer firme na fé e crescer espiritualmente significa melhorar diariamente na compreensão da Palavra de Deus e na prática da vida cristã, produzindo coisas que acompanham a salvação. Essas coisas melhores que acompanham a salvação, o autor, afirma ser a obra e o trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis (v.10). Ele fala desse serviço em 10.32-34, usando o cuidado dos irmãos por ele mesmo. (Cf. Ef 2.10)

O serviço cristão autêntico é prestado altruisticamente no contexto da igreja e da sua missão, como evidência clara do fruto do Espírito e dos dons espirituais para a glória de Deus e edificação dos santos (Cf. Gl 5.22, 23; 1Co 12.1-11; Ef 4.11-16; Mt 5.13-16). Desse serviço, Deus não é injusto para se esquecer (v.10a – Cf. 1Co 15.57, 58)

3ª) Fase – Esperança final da vida cristã – as últimas coisas – ressurreição dos mortos e juízo eterno (v.2b, 11, 12) – que trata de para onde vai a vida cristã, isto é, da nossa relação com o futuro.

Uma esperança viva é a base para a vida cristã eficaz em qualquer contexto[7]. (Cf. Rm 5.1-5; Cl 1.4-6). Os que tiverem tal motivação não serão negligentes, mas imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas. (v.12b; 13-15; 10.35-39)

A completa certeza da esperança leva o cristão a crescer na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém. (v.11b; 2Pe 3.18)

II. A garantia da Maturidade – vv.13-20

Quando uma advertência severa é feita a alguém, a tendência é que ela pense que não se gosta dela ou se está contra ela. Aqui, parece que o autor estava cônscio disso e, assim, imediatamente muda o tom de advertência para encorajamento. Ele faz isso usando duas ilustrações, uma das Escrituras – Abraão (vv.13-18), e outra da vida diária – o navio entra no porto (vv.19, 20).

Assim, ele, assegura a salvação eterna e a garantia do crescimento espiritual em duas verdades: a promessa e o juramento de Deus (vv.13-18) e o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo (vv.19, 20).

1. A promessa e o juramento de Deusvv.13-18

A base da esperança e da segurança cristã não é o pensamento positivo acerca do futuro, mas a promessa solene e o firme juramento de Deus.

O fundamento da atividade redentora de Deus no mundo foi a promessa particular feita a Abraão em Gênesis 12.1-3 e repetida diversas vezes e de formas diferentes na história dos ancestrais de Israel[8]Gn 15.1-21; 26.2-4; 28.13-15; Êx 3.6-10.

Então, em uma ocasião em particular, Deus confirmou a veracidade da sua promessa com juramento – Gn 22.16-19. Abraão foi encorajado a esperar com paciência pela promessa. Assim, Deus começou a cumprir a sua promessa durante a vida de Abraão, mas a bênção final veio na pessoa do Senhor Jesus Cristo – vv.13-15.

Por isso, o autor, para encorajar os hebreus a confiarem na fé em Jesus Cristo e não se apegarem ao sistema levítico de adoração, citou o exemplo de Abraão – vv.13.

Deus faz uso do discurso humano e por vontade própria querendo Ele mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento, aos que querem uma confirmação da sua promessa, visto que as promessas humanas não se caracterizam por ser confiáveis (vv.16, 17).

A promessa e o juramento de Deus são imutáveis, pois, Deus não é homem para que minta e cumpre todas as suas promessas – Nm 23.19; Tt 1.2; Js 23.14. Não só o crescimento espiritual, mas a vida eterna está garantida para nós os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança propostav.18.

2. O sacerdócio do Senhor Jesus Cristo – vv.19, 20

A esperança do cristão é personificada pelo próprio Senhor Jesus Cristo, que entrou na presença de Deus no Santo dos Santos celestial em nosso favor. (Cf. Hb 4.14-16) Portanto, a esperança cristã está firmada na pessoa e na obra de Jesus.

Aqui nos vv.19, 20 temos três lições: 1ª) A esperança do cristão é como uma âncora, ela dá estabilidade a alma cristã em meio as tempestades da vida; 2ª) A âncora da esperança cristã é Jesus Cristo (Rm 8.34; Hb 7.25); e 3ª) A esperança cristã está ancorada no céu, eterno e invisível, e não nas coisas passageiras e visíveis desta vida (2Co 4.16-18).[9]

O autor faz uso dessa forma de “linguagem para se referir ao santuário celestial, onde Deus está entronizado em toda a sua glória. Podemos nos aproximar dele com confiança agora mesmo porque Jesus, o nosso sumo sacerdote celestial, ofereceu o sacrifico perfeito e está à direita de Deus (Cf. Hb 4.14-16; 10.19-22). Contudo, também transmite a ideia de que o nosso destino é viver para sempre na santa e glorioso presença de Deus. Podemos ir literalmente aonde Jesus foi. Assim, o santuário celestial é mais uma forma de descrever ‘o mundo que há de vir’ (2.5), o ‘repouso para o povo de Deus’ (4.9) e a ‘pátria superior’ ou ‘Jerusalém celestial’ (11.16; 12.22-24; 13.14), que tem sido a esperança final e definitiva para o povo de Deus em todas as épocas. Esse alvo tão esperado foi obtido e colocado à nossa disposição pelo nosso Salvador. Jesus como a nossa esperança entrou no santuário e permanece lá como âncora da alma, segura e firme.”[10]

Concluindo

Assim resume Warren Wiersbe a lição central desta passagem: “Nós cristãos, devemos progredir em maturidade, e Deus oferece tudo de que precisamos para fazê-lo. Se começarmos a nos desviar da Palavra (Hb 2.1-4), também passaremos a duvidar da Palavra (Hb 3.7-4, 13). E, em pouco tempo, nos tornaremos cristãos preguiçosos, tardios para a Palavra (Hb 5.11)”.[11]



[1] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha, Editora Cultura Cristã, 2012, p. 49.
[2] Ibid., p. 50.
[3] Olyott, p. 52.
[4] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica – Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 7ª Lição, p. 32.
[5] Olyott, p. 57.
[6] Ibid., p. 58.
[7] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, SP, 2009, p. 2004.
[8] Carson, p. 2004.
[9] Casimiro, p. 34.
[10] Carson, p. 2004.
[11] Casimiro, p. 34.